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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O nosso automobilismo - E agora Brasil?

Recentemente, após o anuncio do final do contrato de Massa com a Ferrari, li em algum site na internet uma matéria com o título 'E agora Massa?'


Nessa semana, pouco tempo depois, foi publicada uma declaração da Sauber sobre o interesse em Rubens Barrichello, que substituiria Nico Hulkenberg. Nesse caso tem-se como já definida a saída de Nico mas não necessariamente a sua contratação pela Lotus na vaga de Kimi.


Antes disso tudo o chefão Bernie disse a Felipe Nasr que precisa de um brasileiro na F1. E tambem, recentemente, emendou a declaração dizendo que a mídia tem participação decisiva no surgimento de pilotos candidatos à pilotar um F1.


Aqui há uma incerteza sobre Massa, uma especulação sobre Rubens, uma esperança sobre Nasr, uma expectativa de um chefão baseada nas poucas possibilidades vindas de um país específico. Acho que cabe uma dúvida mais significativa em relação ao automobilismo no Brasil - E agora Brasil? Onde está o nosso celeiro de pilotos?


Basta uma pesquisa basica na internet para ver que o Brasil já mandou uma fila consideravel de pilotos para as pistas européias. Mas esse fluxo já acabou ha muito tempo. Massa é o ultimo brasileiro em atividade na F1 que começou no nosso kartismo e disputou aqui mesmo um campeonato de monopostos antes de seguir para a europa. Uma das recentes expectativas brasileiras, Bruno Senna, fez a sua carreira toda fora do Brasil. Isso não quer dizer que uma carreira lá fora é melhor ou pior que aqui, técnicamente falando. Quer dizer que o número de candidatos diminui de acordo com o aumento das dificuldades. Uma coisa é fazer a carreira toda lá fora e outra fazer o básico aqui mesmo. São poucos os que podem viver na europa apostando numa carreira que demanda um investimento de milhões. Dessa forma os únicos pilotos que seriamos capazes de formar seriam caras com bolsos abarrotados. E pior que isso, desconhecidos aqui porque aqui simplesmente não há automobilismo. Oras, o que motivaria uma empresa a investir na carreira de uma pessoa da qual temos noticias apenas pela internet?


O cenário atual referente à paricipação do Brasil na F1 é um sintoma do fundo de poço ao qual chegou o nosso automobilismo. Um jovem em inicio de carreira na GP2, não seria forte candidato a um assendo de F1 antes de um periodo como piloto de testes. Um piloto ainda em atividade, e já experiente na categoria, aceita uma equipe que lhe dê chances e não uma que o mande para os fundos do grid. Na eventualidade de nenhum desses dois conseguirem um lugar em 2014, a opção que resta é um veterano fora de atividade ha dois anos.


Está bem claro que não estamos gerando opções. Em épocas passadas havia sempre alguem (mais de hum) na fila. Hoje, a rigor não há ninguem. E quanto tempo levaria para isso mudar nesse esporte? Quanto relamente é responsavel a mídia pelo surgimento de novos candidatos? Basta mesmo mídia para que surjam carros na pista formando os historicos grids da nossa antológica F-Ford?


Acho que falta bem mais que isso. Acho que se em 2014 tivermos um brasileiro na F1, nada garante que ele esteja lá em 2015 ou 2016. Estamos num processo descendente que agora está mostrando os efeitos mais claramente - não temos renovação. A inversão dessa situação demandaria anos de mudanças. Seria preciso ressurgir o automobilismo formador, do zero, e se manter ativo por tempo suficiente para que fizesse surgirem os frutos desejados. Não é tão simples assim. Não basta só mídia.


Enquanto isso Tony Kanaan que esteve frente a uma possivel saída da Indy com destino à Nascar, acertou com a Ganassi e assim segue em frente na sua carreira num país que respira automobilismo ha décadas.


E agora Brasil? Ainda é possivel fazer alguma coisa? Ou estaremos destinados à desonrosa condição de medíocres naquilo que já mostramos sermos tão bons quanto os melhores? A segunda hipótese, infelizmente, é a mais plausível.