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domingo, 3 de abril de 2011

Gustavo Sondermann - depois de Rafael Sperafico a tragédia se repete no mesmo lugar

Após acidente, Gustavo Sondermann tem morte cerebral confirmada
Piloto se envolveu em incidente com Pedro Boesel na curva do Café, no Autódromo de Interlagos; essa foi a quinta morte na Stock Car
(fonte: Globoesporte)

No mesmo momento em que estou escrevendo este post, acredito que ainda esteja batendo o coração do pilôto Gustavo Sondermann no Hospital São Luiz, no Morumbi. Li há poucos instantes na internet que foi constatada a morte cerebral e a família já foi avisada. Segue-se daqui em diante o doloroso período em que a família vai aguardar o momento do desfecho final, já anunciado como certo.

No link acima, do Globoesporte, consta reprodução do boletim médico.

O componente mais trágico é o fato de Gustavo ter sido companheiro de Rafael Sperafico, que faleceu precisamente na mesma curva, e em condições similares. No vídeo que pode ser visto no link acima, não é possivel ver os detalhes do acidente pois o spray era muito grande. Olhando imagens na internet, numa delas pode-se ver um pneu traseiro montado ao contrário, situação em que a aderência simplesmente despenca.

Mas o questionamento que resta agora depois de mais uma morte no automobilismo nacional, no meu entender diz respeito diretamente à segurança do carro. Como aconteceu com Rafael Sperafico, Gustavo sofreu uma batida forte do carro de Pedro Boesel, sobrinho de Raul.

São portanto dois acontecimentos significativos, a batida no guard-rail e o abalrroamento inevitável pelo carro de Pedro. Num desses momentos Gustavo sofreu os ferimentos que tiraram as suas chances de sobrevivência. Pelo que se lê e que se vê, houve socorro à altura das necessidades da situação. Êle foi reanimado no autódromo e levado ao Hospital São Luiz.

Os acidentes em corridas são imprevisíveis. É humanamente impossível prever-se tudo que poderia acontecer de cabo a rabo. As possibilidades são inúmeras. Mas eu entendo que no caso de contruções como os chassis tubulares é preciso rever-se os procedimentos que autorizam um carro a ir para a pista.

Já que as batidas são inevitáveis, simplesmente fazem parte da atividade, e já que tôda dinâmica de um evento dêsses é práticamente impossível de ser prevista em detalhes, resta dar ao habitáculo a estrutura que poderia suportar os efeitos de uma batida forte de tal forma que o pilôto pudesse ser resgatado com chances de sobrevivência, mesmo que tenha se quebrado dentro do carro.

E aí vem um ponto que eu considero inquietante. Robert Kubica, que se acidentou gravemente numa prova de rally na Itália, já teve na F1 um acidente na BMW de grandes proporções e mesmo assim foi para o hotel no mesmo dia. Mas a estrutura de um carro de F1 atende a essas necessidades, ou ele teria ficado ali mesmo. Até onde eu saiba, nos nossos regulamentos não existe uma relação especificada entre pêso de chassi e potência instalada. E acho que aí pode estar uma chave para se melhorar as condições desses carros. Uma coisa a ser estudada com muito critério.

Na Nascar, onde se usam chassis tubulares, as batidas são fortíssimas e muitas vêzes desintegram o carro, restanto o pilôto dentro um um monte de tubos retorcidos. E ali a potência é bem maior que nos carros da Copa Montana, e também a velocidade é bem maior.

Não sei se resolveria alguma coisa se discutir quem é culpado ou responsável por estas consequências de hoje porque seria atitude focada, pontual. E além disso agora já se perdeu uma vida e não há meios de reverter-se isso. Penso que o único caminho é agir em função do futuro. Há gente no nosso cenário do automobilismo que pode se dedicar a gerenciar uma tarefa dessas. Depois de dois eventos trágicos no mesmo lugar e em condições semelhantes, fica bem claro que é preciso pensar-se nesse sentido.

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