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domingo, 14 de novembro de 2010

Ferrari - como perder o título de construtores

A Ferrari mostrou ao mundo da F1 como se faz para perder um campeonato. Na prova de Monza onde deu a vergonhosa ordem à Felipe Massa para que abrisse passagem para Alonso, a equipe mostrou que precisava mais do que tinha nas mãos para garantir uma boa participação.

O campeoanto de 2010 inciou com a Ferrari na frente e em Monaco a liderança foi para a Red Bull, passando tambem pela McLaren. E a Ferrari não recuperou mais a dianteira perdida, ao mesmo tempo que a McLaren mostrou mais consistencia na sua participação. De forma que o campeonato vencido pela Red Bull, tem a McLaren em segundo e a Ferrari num distante terceiro lugar.



Ao contrário da Ferrari a McLaren tinha um carro muito bom e dois campeões do mundo que se entenderam ao longo do campeonato. Poderiam ter se saido melhores caso Hamilton fosse mais constante. Ontem mesmo no qualify mostrou que a sua concectração está sujeita a variações. Button, ao contrário é desses que não perde o caminho de um momento para o outro e é capaz de se reencontrar quando eventualmente passa por momentos menos felizes. As suas variações são menos bruscas.

Isso tudo não fez da McLaren nem o melhor nem o pior carro da temporada. Sem dúvida nenhuma as Red Bull´s eram os dois carros candidatos ao título que conquistaram em Interlagos. A McLaren não tem mais o lendário Ron Dennis no comando da equipe, mas por outro lado ele é o comandante de tudo o que significa comandar o time por tabela. Tanto que no qualify apareceu nos boxes usando o headset.

Pela McLaren venceu Emerson, quando a equipe conquistou o seu primeiro título. Senna ganhou os seus tres títulos lá mesmo. Hamilton tambem. É uma equipe que está sempre pronta a dar o melhor que puder, o que inclui contratar os melhores pilotos que pode. E mostrou ao mundo das competições que é possivel dois campeões conviverem de forma muito profissional. Por sinal na mesma equipe onde Senna e Prost protagonizaram o maior atrito da história da categoria.

Claro que isso depende tambem dos dois que pilotam na equipe. Não foi assim que se deu com Alonso e Hamilton na mesma McLaren. E isso parece ter servido de motivo para a equipe contratar uma dupla confiável. Alonso, que tem um inegável orgulho extremado, foi levar os seus dollares de patrocinadores para a Renault e não teve muitos problemas para se sobressair tendo como companheiros de equipe,  pilotos menos qualificados. Mesmo assim precisou contar com a iniciativa desastrada de Nelsinho Piquet para conquistar uma vitoria.

Na Ferrari a situação seria diferente e Alonso sabia disso. E logo no inicio do ano os animos já não se mostravam os melhores entre ele e Massa. Não ficou muita dúvida de que Massa anda um pouco menos que Alonso. E não ficou tambem nenhuma dúvida que a Ferrari tentou dar justificativa aos dollares vindos dos patrocinadores do espanhol. O jogo de equipe a favor de Alonso ficou público e isso por si só é mais que suficiente para entender que o dinheiro tambem manda, alem de Domenicali.

Ao mesmo tempo que a Red Bull tinha um carro que não deixa dúvidas quanto às suas capacidades, tinha tambem uma dupla de pilotos não tão parelhos assim. Um já bem maduro teve a sua chance de mostrar que pode ter participações de destaque desde que tenha equipamento para isso. O outro, um garoto rápido, agressivo, às vezes demais, estava disposto a levar a sua habilidade ao limite. Tanto que chegou a colidir com o próprio companheiro de equipe.

Embora o ego sempre esteja exposto no automobilismo, a ordem interna da equipe colocou a casa nos eixos e os seus pilotos foram tirar o proveito que puderam do equipamento que lhes foi oferecido, o melhor do ano de 2010. A dupla ansiava por um título mas na prática qualquer deles que perdesse, saíria cabisbaixo mas não necessariamente envergonhado. Lutariam pelo que queriam com as armas que tinham.

Situação oposta da Ferrari onde Alonso nao apenas precisou tirar sangue de um carro que não estava à altura das Red Bull, e que viu ao mesmo tempo as McLaren´s se mostrarem mais perigosas devido à sua performance. Alonso precisava brigar para alcançar as Red Bull e a isso se juntaram as McLarens. A Ferrari colocou as suas fichas em Alonso e não se preocupou em cobrar de Massa uma performance mais parelha com o companheiro, não se ocupou de conseguir um menor gap entre um e outro.

Pode-se ver hoje uma flagrante diferença na equipe para os tempos de Schumi e Rubens, quando o brasileiro sempre teve equipamento à altura de se aproximar do desempenho do alemão e foi cobrado exatamente por isso na equipe. Era a época de Jean Todt.

Hoje a Ferrari não se assemelha mais àquela dos tempos do alemão e deixa a impressão de estar concentrada nos ideais de um piloto incrivelmente capaz, Fernando Alonso, mas que ainda está devendo um resultado vencedor, coisa que o proprio equipamento desse ano não é suficiente para proporcionar.

A própria equipe mostrou no episodio da ultrapassagem ordenada que precisava mais do que tinha, e se quizer fazer um papel melhor em 2011 vai ter que se difinir muito bem internamente com os seus pilotos, e tambem com os patrocinadores. Meu receio é que o dinheiro continue falando alto e a equipe continue nos mesmos procedimentos. Onde se incluiria o de hoje, o pit de Alonso, que o deixou atrás da Renault de Petrov quando deveria estar à frente. Na prática se Alonso tem algo a reclamar é com a própria equipe, e esta não pode disputar 2011 com o mesmo foco pois correrá o risco de perder novamente o campeonato. Alonso e Massa precisam ter desempenhos bem mais próximos um do outro e a equipe precisa estar atenta a isso. O que significa que o orgulho asturiano não poderá pautar nada na equipe. Em 2011 a Ferrari, que terá a mesma dupla, precisa necessariamente objetivar o título de construtores. E tem dois pilotos suficientemente rápidos para isso.

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