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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Antonio Castro Prado - Jan relembra o dia trágico e o ultimo gesto de Pradinho

Velocidade é uma coisa apaixonante e perigosa tambem. Na história do automobilismo mundial há um numero muito grande de acidentes trágicos que levaram a vida de homens que na verdade nutrem um amor à vida de forma muito particular. Sabem perfeitamente que estão expostos a riscos que podem por fim à sua vida num mero instante.

Ontem num bate-papo com Jan Balder disse-lhe que a única coisa que me dá medo no kartismo é uma capotagem em que voce cai de cabeça para baixo. Isso lhe trouxe a lembrança de um dos mais trágicos acidentes fatais do nosso automobilismo.

No dia 3 de Outubro de 1981 faleceu no autodromo de Guaporé, Antonio Castro Prado, o Pradinho, que no dia pilotava F2. Jan Balder estava presente e relembrou o que presenciou naquele dia.

O pai de Jan Balder, Antony, chorou a morte de Pradinho pois os dois eram amigos e se gostavam muito, relembra Jan. Havia uma amizade sincera entre eles e essas coisas no automobilismo costumam ser de longo prazo e muito fechadas.

Jan estava no autodromo de Guaporé acompanhado da esposa Tereza, pois a sua esquipe de F-Super V estava inscrita na prova. Os boxes daquela época utilizavam cancelas, habitualmente troncos de madeira, afim de impedir a saída depois que a pista fosse declarada fechada para uso.

Na classificação, Pradinho marcou a pole e seguiu para o restaurante para almoçar. Alguns pilotos pretendiam andar mais afim de fazer checagens e ajustes de ultima hora. Havia uma passagem alternativa com um trecho muito curto de terra, que levava à pista sem passar pela cancela na saída dos boxes, que se mantinha fechada.

Os que queriam voltar à pista passaram por ali e Pradinho que não estava presente não soube da decisão. Pradinho tinha trocado os pneus do carro e balanceado. Quando retornou aos boxes viu a movimentação na pista e pensou no óbvio, testar os penus. Mas até então não sabia e ninguem lhe disse que a cancela se encontrava fechada e que utilizavam caminho alternativo.

Jan estava conversando com um grupinho na porta do box e viu uma coisa incomum. Pradinho nunca saía com o carro sem macacão. E nesse dia apenas colocou o capacete e não vestiu o macacão. Passou em frente ao box onde Jan se encontrava e fez para Jan um sinal com o indicador apontando para dentro do carro.

Foi a ultima coisa que Jan viu de Pradinho em vida e que jamais será esclarecida. Como Pradinho não sabia da cancela seguiu o caminho habitual do pitlane. É comum que certos pilotos já saiam do box acelerando fundo, coisa absolutamente inútil pois ali nem é lugar apropriado para isso.

Pradinho acelerou a primeira marcha e mudou para segunda e prosseguiu. Quando acontecem acidentes em autódromos a correria e os olhares de surpresa ficam muito evidentes e o clima muda instantaneamente. Jan pensou naquele momento em um atropelamento, coisa fácil de se dar com algum distraído.

Alguem lhe disse que acontecera algo na saída dos boxes e ele rumou para lá. Chegando ao local já identificou o carro acidentado e a sequencia dos acontecimentos. Ele lembra que na viseira de Pradinho havia a inscrição “CASTRO” na parte superior, e que a encontrou quebrada no chão sem a letra C. Pensou em levar a viseira mas desistiu pelo fato de ser peça de uma cena de acidente fatal.

O carro de Pradinho bateu na cancela em alta velocidade e na sequencia desviou-se para a pista, atravessando-a e indo parar do outro lado, com o piloto inconsciente e muito provavelmente já sem vida. Foi levado ao hospital local onde a sua morte foi constatada.

Isso me lembrou outra tragédia semelhante com um piloto do motociclismo que eu conheci, José Oliveira Peixoto, o Peixotinho. Este veio para os boxes de Interlagos com uma TZ350, e como era comum os pilotos vinham no embalo pois ao alcançar a entrada dos boxes uma alicatada era suficiente para diminuir muito a velocidade. Infelizmente encontrou a cancela baixada e não deu tempo para nada. Bateu, foi levado ao Hospital Zona Sul e por lá ficou.

Uma retificação muito importante:
Quando soube do falecimento de Peixotinho há décadas, se não me engano foi por algum amigo e depois me lembro de ter lido uma nota no jornal local. Tenho a lembrança de ter recebido a informação de que o acidente se dera na entrada dos boxes.

Porém, numa conversa com Walter Tucano, este me garantiu que na verdade foi na saída. Tucano não estava presente no dia mas ouviu o relato. Segundo consta, Peixoto acelerou em direção à saida e pretendia passar pelo espaço livre na ponta da cancela, já que esta deixava um vazio no seu término. Algo deu errado e colidiu.

7 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente tragédias deste tipo acontecem... a dor só é sentida por quem fica!!! e a dor, só sabe quem sente! eu senti e sinto até hj, qdo com 9 anos de idade, meu pai "JOSÉ DE OLIVEIRA PEIXOTO", O PEIXOTINHO, com apenas 36 anos de idade, sofreu este fatal acidente e foi prá nunca mais voltar! AI Q DOR!!! AI Q SAUDADES, é com muita emoção, tristeza e revolta, q eu com 36 anos de idade,relembro esta passagem. E com muito carinho q eu agradeço a vc Sr Zé Clemente, por lembrar do meu saudoso, amado e eterno Pai.
Muito obrigada pelo carinho.
Fique com Deus, mta saúde e td d bom prá vc e sua família.
Christiane de Oliveira Peixoto Passini.
e-mail chpassini@hotmail.com

Chafi Nader disse...

O bom é lembrar dos bons, ele foi um piloto muito tecnico e bom amigo

Anônimo disse...

poi sé, também lembro da morte do pradinho como se fosse hoje, eu e minha familia morava-mos em uma fazenda chamada espirito santo em valinhos, a qual era de propriedade do pradinho , e lembro que no outro dia a fazenda ficou cheia de pessoas. e me parece que o carro também foi pra lá.

Unknown disse...

Estava começando a correr de formula V quando aconteceu a morte do Castro Prado e a ideia dele de desenvolver um motor do doginho 1800 reduzindo para 1600 era excelente . Aconteceu tbém com um amigo o Nelson Baslestieri no Rio de Janeiro na F Fiat ,precisou morrer muita gente para pararem de usar cancelas e substituir por chapéu de bruxa.Parei de correr já fazem mais de 20 anos e fico surpreso ate hoje como não é obrigatório um Santo Antonio Duplo nos formulas a onde o piloto fica com a cabeça dentro de 2 arcos ,morre pilotos todos os anos em categorias de carros abertos seja formula ou exporte protótipo não mais pelas cancelas e sim por capotagem em terreno fofo ou atingido por alguma peças , morrer por uma coisa tão simples que deveria ser obrigatório ? Não consigo entender,VAI PRECISAR MORRER MAIS QUANTOS ?

Unknown disse...

Eu estava no dia do estúpido acidente de castro em Guaporé o Castro fez a pole mas reclamava de uma vibração anormal em um ou mais pneus tinha um box se não me engano da pirelli (Não lembro) que fornecia os pneus para a prova eles trocaram os pneus e balançearam as rodas enquanto o macanico José Alves da equipe de salvador ciansaruso é cujo piloto era José Luiz Bastos (hoje chefe de
e segurança do metro de sp)e amigo de Castro fazia o alinhamento na suspensão do carro de Castro ele desceu do restaurante me lembro muito bem de casa jeans camiseta branca é
tenis entrou no carro para testar se acabou a vibração José mecânico deu um tapinha no capacete de Castro é disse " sai pela entrada dos box porque a saída tá fechada" e fomos para o muro Castro veio Acerlerando e pondo marcha quando alguém gritou "o Castro tá vindo por dentro" Não deu tempo de nada fui o primeiro a chegar no carro que passou por baixo da tela de arame do outro lado da pista quando cheguei vi a asa do carro cheia de sangue o Castro sem capacete que na pancada voou causando uma sensação horrível em quem presenciou segundos depois chegou um piloto da f 5000 com um naverick para leva lo ao hospital logo depois chegou a triste noticia. Emocionante tambem foi a largada que aconteceu a pedido da esposa e mãe de castro pois ninguém queria correr no domingo na hora da largada os pilotos subiram os giros dos motores logo após desligaram desceram do carro e fizeram um minuto de silêncio antes da largada real. Um acidente que poderia ser evitado não fosse o descaso dos dirigentes daquele evento fica meus eu sei pois estava la sou sobrinho do mecanico José alves e estava ajudando ele inclusive no carro de castro por isso sei até do aviso que José deu a Castro que deve ter esquecido por talvez forca do habito fez o de costume por ser no horario que o sol estava baixo no horizonte não teve como ele ver aquela cancela estúpida que ficava na altura da cabeça de pilotos desse tipo de carro fica meus sentimentos à família e amigos de Castro que era muito dedicado é competente inclusive foi campeão póstumo naquele ano abraços

Adriano disse...

Moro a 500 metros da Fazenda que até hoje ainda existe

Unknown disse...

Existe?..parece que virou condominio né? A sede ainda está em pé?