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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Milka Duno - a perna foi menor que o passo

Ontem no kartódromo antes do briefing do nosso endurance, alguem comentou sobre Milka Duno, a venezuelana que pilota na Indy. Fala-se que a performance dela está abaixo das expectativas de alguem que pretanda continuar na categoria.

Como já comentei aqui em outro post, não fui bem na minha corrida em parceria com o meu amigo Zé Ayres, que infelizmente se sentiu mal na pista. Na minha primeira participação senti uma falta de potencia no motor para o trecho de alta velocidade, mais longo que os circuitos padrão do kartódromo.

Em determinados momentos recebi a bandeira azul que me sinaliza que estou a ponto de ser ultrapassado por alguem mais veloz que já me alcançou em uma volta inteira. Isso é uma constante em corridas e o retardatário deve abrir passagem para quem vem atrás. Porem isso não deve significar pura e simplesmente desistir da atitude de competição. Apenas a regra manda abrir caminho. E assim em alguns momentos após receber a bandeira aguardei a chegada a um ponto favorável na pista, mudei o traçado e vi alguem me passando. Mas isso foi feito andando o máximo que pudesse com o meu kart, não aliviei a minha tocada pois eu continuava competindo.

Entendo que em categorias profissionais e velozes a atitude é igual ou parecida. E quando a prática sai do plano do amadorismo para o profissionalismo passa a ser regida pelo compromisso de performance. É evidente que no automobilismo profissional não é apenas a performance em pista que está em jogo e que determina a relação entre piloto e patrocinador. Há mais atrás disso.


Segundo uma matéria da ESPN (clique aqui para ler), Milka goza de popularidade e é suportada por um patrocinio interessante. O que o patrocinador mais quer é a exposição da sua marca. E o piloto se compromete a fazer parte disso, o que lhe dá o direito de pilotar um carro de competição.

O carro que ela pilota tem uma potencia de 650 hp´s, 200 a mais que os carros que Emerson pilotou na F1. Em relação à performance eu penso que os carros de F1 daquela época, devem ser superiores principalmente se for considerada a proposta da categoria.

Mas nessa época que menciono da F1 as diferenças entre pilotos não eram tão claras pois não havia equilibrio na engenharia e performance dos carros. Caso oposto da Indy que privilegia o show a custo mais baixo e por conta disso toda a categoria anda com chassi Dallara. Nem na aerodinamica há diferenças além dos ajustes a serem escolhidos pelas equipes.

O equilibrio tecnológico nesse caso passa para o plano da padronização pois todos os carros são iguais em projeto. E as diferenças são efetivamente entre pilotos. Por isso as críticas à venezuelana são críveis. Ela anda na média 6s mais lento que o ponteiro. Em lugares como ovais, onde a ultrapassagem de retardatários é uma constante, a todo momento o lider encontra na sua frente alguem muito mais lento em quem ele vai chegar em local não determinado com exatidão e isso por si só já representa não apenas um desconforto mas tambem um perigo.

Se ela fosse um retardatário combativo e dificil de ultrapassar, estaria dentro dos limites de performance da categoria. Isso invalida a idéia de que um patrocinador ponha o seu dinheiro na carreira de um piloto para que ele apareça pura e simplesmente. É o mesmo que dizer que o critério de aceitação da categoria está sendo influenciado pelo dinheiro. E aí eu pergunto qual é a real validade do hookie test? Deveria ser ferramenta de avaliação e eventualmente de reprovação.

Mas parece que o dinheiro anda escasso no automobilismo. A equipe onde Bruno Senna pilota hoje, tem performance muito ruim e não se ve a possibilidade de que melhore este ano. Tambem estão abaixo do mínimo a ser considerado compatível com a categoria.

No meu entender a venezuelana deve deixar a categoria pois considerando-se o tempo em que está lá, não se pode esperar que ela reaja e entre definitivamente para o grupo dos que se enquadram na performance. Numa categoria onde os carros são todos iguais o ideal é que as diferenças de performance fossem bem pequenas e para isso as diferenças entre os pilotos tambem precisam ser pequenas. Não é o caso dela e entendo que já mostrou o que poderia e que não está em condições técnicas de permanecer. A impressão que me dá é de que deu o passo maior que a perna.

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