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sábado, 8 de maio de 2010

Schumi não está na bacia das almas. Muito pelo contrário

Tanto a Mercedes quanto Michael Schumacher estão empenhados, à sua moda, em mostrar que o alemão não está na bacia das almas. A Mercedes contratou o alemão por duas razões. O início da carreira dêle têve uma participação intensa da Mercedes e hoje é o momento de devolver o “agrado”. A outra razão é que a Mercedes não teria contratado Schumi se êle não tivesse o gabarito que tem.

Como equipe germânica com padrão típicamente germânico de trabalho e de planejamento, a Mercedes modificou o carro com base no que colheu da participação dêste nas primeiras provas. E é óbvio que fizeram mudanças que somassem performance. Uma pessôa com a bagagem do alemão, mesmo com a performance abaixo daquela anterior que foi espetacular, é alguém indicado a dar as suas impressões de dentro do cockpit. Tenham a telemetria que tiverem, são as mãos dêle que sentem o grip dos pneus na hora da tangência e saída de curva.

Quem ficou atento à classificação de hoje e acompanhaou os resultados desde o primeiro treino livre, pôde tirar uma noção da atitude do campeão.


No primeiro treino livre de sexta, Schumacher marcou a sua melhor em 1:21,716. No segundo 1:20,757. Nos dois casos figurou em terceiro na tabela. No treino livre de hoje de manhã marcou 1:21,583 figurando dessa vêz em quinto. E na classificação foi o sexto com 1:21,294. Entre o melhor e o pior há uma diferença de 1s.

Durante a classificação em nenhum momento ameaçou as posições da frente e marcou o terceiro tempo em várias voltas. No final do Q2, quem prestou atenção viu que êle ficou no box enquanto os outros, Hamilton por exemplo, continuavam na pista. Êle sabia em que condição de performance se encontrava e que ainda haveria mais um fase classificatória pela frente.

Pelo tempo que êle apareceu dentro do carro no box eu diria que poupou seguramente 3 voltas nos pneus que serão um diferencial estratégico na corrida. Isso é pilotagem de cabeça e não conservadorismo de velho. E aí está uma das grandes características de Schumi como profissional. Êle sabe reconhecer o que tem nas mãos e mantém o controle da situação. Êle sabe que não vai ganhar a corrida mas que pode andar uma ou duas posições à frente. E para isso vai utilizar o que tem no máximo da performance que conseguir extrair do equipamento.

O seu histórico tem muitas participações de estratégias vencedoras, onde antes do pit stop voava na pista para conseguir alguns décimos de segundo a mais. A ponto de se poder dizer que êle iria para o box pois estava acelerando tudo que conseguia. E para isso, com os tanques cheios como andam hoje os carros é preciso perícia na pilotagem e pneus.

É isso que eu gosto de ver em pilôtos gabaritados que conseguem administrar o cenário a seu favor. Schumi com certeza não está de volta. Êle está apenas continuando após um descanso. Mesmo que não ganhe corridas ou campenatos, será com certeza alvo da admiração de muitos e da surprêsa dos que eventualmente não souberam interpretar corretamente as condições.

Como eu costumo dizer, você está sempre em cima de quatro pneus. E pilotagem é uma coisa onde se mesclam arrôjo, perícia e inteligência. Claro, tudo com a forma física necessária. Coisa que o alemão colocará a prova na etapa de Mônaco que é uma prova que desafia o carro, a paciência e o corpo.

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