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domingo, 9 de maio de 2010

GP de Monaco - e no túnel, como será?

Na próxima semana ocorrerá a sexta etapa da F1, o GP de Mônaco. Uma prova de rua em pista estreira, cheia de curvas, aclives e declives, que não se assemelha em nada a uma pista de competições. Esportivamente falando não é coisa coerente com uma categoria tão veloz e técnica como a F1. Por outro lado é o charme do campeonato. Sem essa corrida o campeonato não teria a mesma graça para o público. Seria o mesmo que excluir Monza do campeonato, coisa que os pilôtos e as equipes jamais aprovariam.

Mônaco é palco de audácias, performances fenomenais e uma desgraça. Lorenzo Bandini bateu no GP de 1967, o carro incendiou e êle faleceu 3 dias depois. Senna surgiu para o mundo da F1 quando Ickx encerrou uma prova sob chuva que Senna ganharia fatalmente. Uma chuva que mais atrapalhou os outros do que o beneficiou. Também na mesma pista, pilotando a McLaren, cravou uma pole fenomenal pilotando uma parte da volta com a mão esquerda enquanto cambiava frenéticamente.


É uma prova que pode produzir prejuízos com facilidade pois não há nenhuma área de escape. Sendo tão estreita como é essa pista, a classificação tem uma influência enorme no resultado e a sorte de não se envolver em acidentes, ou a paciência para aguardar a hora da ultrapassagem, podem determinar se o pilôto vai para o pódium ou a pé para o box acenando para o público - cena que já vimos muitas vêzes.

No atual formato da F1, no qual não se reabastece, os carros serão postos à prova no que diz respeito ao desgaste de pneus. Não resta dúvida que a possibilidade de escapadas no início da prova é concreta.

Considerando-se o desempenho atual da Lotus, Virgin e Hispania, esses carros serão encontrados pelo ponteiro em poucas voltas. Na prova de hoje o que êles mais viram na pista foi a bandeira azul. Mas em Barcelona ainda há as retas longas que dão algum alívio para êles e para quem vem atrás. Nos trechos de curva fechada acontece como hoje entre Massa e Chandhok.

Num determinado momento da prova de hoje a transmissão mostrou uma Virgin sendo ultrapassada em curva e foi possível notar a falta de retomada daquele carro em relação aos outros. E o caso não é motor pois os carros de Rubens e de Hulkenberg andaram muito melhor. A volta mais rápida de hoje da Virgin foi quase 6 segundos mais lenta que Hamilton (veja a tabela em F1 - RESULTADOS DOS GP´s). No caso da Hispania são absurdos 10 segundos.

Aí eu pergunto uma coisa que não tenho visto ninguém questionar. Como será encontrar um carro dêsses imediatamente após a saída do túnel onde é preciso ângulo para a tomada da curva seguinte? E pior ainda, como reagiria um pilôto andando na ponta, que encontrasse um carro dêsses do final do grid naquele momento em que acaba de ingressar no túnel?

Em Mônaco uma piscada costuma corresponder a uma batida. Me parece que a única solução é um briefing onde fique determinado que êsses lá do fim do pelotão façam o túnel sempre de um lado e os demais sempre do outro. É o mesmo que dizer que dentro do túnel ninguém vai ultrapassar.

E ainda há a questão da classificação. Das duas uma, ou usa o resultado de hoje como definição para a próxima, coisa que as equipes considerariam discriminatório, ou usam uma das sessões de treinos livres para classificação, coisas que as equipes da frente não aceitariam.

Se hoje a classificação não estivesse dividida em 3 fases seria mais fácil contornar a situação a partir de um acordo de cavalheiros. Mas de qualquer forma, mesmo que se resolva a classificação vai restar o martírio que representa ultrapassar esses carros várias vêzes. Coisa incômoda também para êles. Os pilôtos nada podem fazer além de respeitarem uma decisão de briefing. Êsses carros não andam mais por culpa da própria engenharia e não dos pilôtos. Usam o que têm como é, e nada mais que isso podem fazer. Afinal, milagre ninguem faz.

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