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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Na F1 atual algumas equipes têm a si mesmas como os seus concorrentes.

No momento estou trabalhando no desenvolvimento de uma peça, que por sinal é parte de motor de competição, e isso tem me dado uma certa dor de cabeça, natural nos casos onde determinadas incertezas precisam ser avaliadas. Começa-se com uma idéia base, com objetivo conhecido, e no final de todo o processo tem-se a comprovação real da utilidade e estado do produto definitivo.

Há uma distância clara entre o que se define no ambiente computacional e o resultado físico, em se tratando de componente mecânico. A comprovação final é obtida apenas na prática e por mais que os softwares atuais sejam desenvolvidos, a simulação de qualquer componente jamais refletirá a realidade nos seus mínimos detalhes. A distancia entre o que se idealiza no ambiente computacional e o resultado final a ser conhecido apenas na prática, pode ser muito pequena ou um autêntico abismo.


Um caso desses é a Virgin, a equipe onde pilota Lucas Di Grassi, onde o carro foi inteiramente idealizado sem uso de túnel de vento, tendo para isso sido utilizado um software de CFD (Computational Fluid Dynamics), que faz extamente o papel do túnel de vento. Hoje o carro está recebendo atualizações constantes que visem além da confiabilidade, a obtenção de melhor performance da que foi constatada.

Outra equipe que só pôde comprovar o resultado do que levou à pista apenas na primeira vez foi a Hispania, capitaneada pelo persistente Colin Kolles, que já fez demais em conseguir sair do box na prova de abertura do campeonato, e que na segunda etapa conseguiu terminar a prova com Karun Chandhok 5 voltas atrás do líder.

Bruno Senna que até o momento não teve como conseguir performance melhor do que apenas largar, está confiante para o próximo domingo e uma das razões é conhecer a pista na sua época de GP2. Mas mesmo assim sem muitos rodeios, uma das suas características marcantes, está na posição de São Tomé que quer ver para crer. Diz êle: “Vamos ver o que consigo fazer em Sepang”.

Que a Fórmula 1 tenha novas equipes, incluindo as que são extremamente desafiadas a dar a primeira volta, caso da Hispania, é muito saudável para a categoria e queira ou não acabam sendo parte interessante do espetáculo ao gerarem expectativa quando ao incremento das suas performances.

Mas como nada é certo sem comprovação real, a F1 vai até o final do ano vendo as equipes do fundão fazendo cada vez uma corrida diferente com equipamento diferente, e o destaque delas será muito mais o que mostrarão de novo numa prova do que a colocação que obtiverem na prova.

A Fórmula 1 deveria considerar a possibilidade de liberar os testes ao menos para equipes que tenham um rendimento muito abaixo da média da categoria e fixar para estas o prazo de um campeonato inteiro para que se mantenham competitivos a partir de uma performance mínima. Isso abriria as portas para o surgimento de garagistas modernos que nada tem a ver com os garagistas da antiga, mas sim gente com expertise em competições que estaria disposta a arriscar numa categoria muito mais exigente. E para isso a comprovação de resultados e as alterações parametrizadas por aferições em ambiente real seriam o meio de se chegar a conclusões que hoje são muito difíceis pois tudo acontece sempre nas semanas de prova. É preciso considerar que uma equipe nova precisa superar a dificuldade do primeiro passo para que a partir daí o objetivo seja ser melhor que os outros, ao invéz de conseguir estar entre êles apenas.

Os testes particulares eram no passado o grande laboratório das equipes e a sua abolição nos dias de hoje faz a categoria estar dividida em dois grupos muito distintos: os que chegam na pista afim de ajustar para as condições locais aquilo que já sabem que funciona, e os que no mesmo dia vão descobrir se a atualização mais recente será boa ou se deverá ser abandonada talvez só na prova seguinte por não haver mais tempo para alterações, sujeitando essas menores a suportar as condições ao invéz de realizar participação.

Em relação ao propósito dos diversos integrantes da categoria, uns disputam um campeonato com os seus concorrentes, e no outro grupo o concorrente é a própria equipe, mais especificamente as suas condições e capacidades.

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