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domingo, 4 de abril de 2010

Frases na F1 - o mais difícil é interpretar. De dentro é uma coisa, de fora outra.

As duas coisas mais comentadas da F1 são, na ordem, as frases e os acidentes. Nessa ordem porque há muito mais frases que acidentes. Ainda bem.

Quem acompanha a F1 desde Emerson se lembra, por exemplo, das frases ácidas de Nelson Piquet, ou de Senna tratando Prost como “a outra parte” em entrevista. Determinadas citações dos pilôtos de F1 costumam ser guardadas numa espécie de arquivo da cultura própria do meio. E o período da F1 em que uns diziam o que bem entendiam dos outros e dos seus carros ou equipes, era um apêlo aos fanáticos por corridas para lerem e ouvirem tudo que fôsse publicado, além de assistir a prova, é claro.

Mas êsse perído acabou pois a categoria se profissionalizou totalmente e os interêsses que envolvem a imagem limitaram o que pode ser dito. Nesse ponto a F1 não é mais a mesma e pode não voltar a ser novamente. Tudo que se diz precisa ser políticamente aceitável.
Mas o mais difícil não é aceitar e sim interpretar.

Hoje, antes da largada, Bruno Senna foi entrevistado e disse que lá no fundão onde se encontravam êle e outros brasileiros, faltava Rubinho. É obvio que se trata de uma brincadeira pautada pela nacionalidade dos pilôtos envolvidos na frase e não de desmerecimento.

Coincidentemente, e curiosamente também, Rubens não conseguiu largar e por pouco não foi colhido na traseira justamente por Lucas. Acabou caindo lá para o fundão para fazer compania momentânea aos seus compatriotas.

O que se viu na sequência da prova foi o companheiro de Rubens, Nico Hulkenberg, fazer o que o seu carro lhe permitia e mesmo tendo feito um bom trabalho, acabou andando para trás em relação à sua posição de largada. Entenda-se que o garôto está inciando na F1 e nessas condições, mesmo pilotando muito, ainda está na fase de superar dificuldades naturais da falta de kilometragem. Merece os parabéns pelo seu primeiro pontinho na categoria.

Após o pódium, Rubens Barrichello disse que “a porcaria do nosso carro não é bom”, algo mais ou menos assim. Não há dúvidas de que será criticado pela imprensa, especialmente a local. Seu patrão não vai mostrar aprovação para o que disse, muito pelo contrário. Queira ou não a frase não foi feliz.

Porém ao mesmo tempo, em um comentário que eu li, falta uma coisa essencial para julgar a frase pouco amistosa. A prova terminou com 5 abandonos que não se deram no comêço. Dois dêles que alteraram bastante o panorama foram o de Alonso e o de Schumi.

Nesse grid dos que terminaram, Nico Hulkenberg caiu 5 posições. Rubens caiu todas atrás de si na largada, e na sequência disso ultrapassou os que pôde e terminou em 12º. Não foi uma bôa performance, e menos ainda uma corrida light. Têve que trabalhar um bocado para compensar a falha da largada.

Nada disso justifica dizer que o carro é uma porcaria, mas a verdade é que não é realmente bom. Massa e Alonso vieram lá de trás e mesmo com um carro muito competitivo em relação à Williams, os dois suaram muito para terminar onde conseguiram.

Não vejo dúvidas, nessas condições, para entender que o carro da Williams não é bom mesmo. Ha poucos minutos Rubens disse no Twitter o que era esperado e que aparece como verdade, que foi sim de brincadeira.

Mudaram várias coisas na F1 recentmente que tornaram a categoria mais atraente. Tomara que a próxima mudança seja o fim do políticamente correto. Eu sempre vi em corridas a manifestação da naturalidade em muitos momentos. Porque a F1 não pode se assim também?

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