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terça-feira, 23 de março de 2010

Nos Bastidores do Automobilismo Brasileiro (19)

fragmentos do livro de Jan Balder e comentários do Amigos Velozes.

Os anos 1970 marcaram o automobilismo brasileiro como um período de profissionalização. O romantismo dos anos anteriores cedeu lugar a um automobilismo apoiado por patrocínios fortes. O automobilismo estava se tornando um produto muito atraente apesar da ausencia das fábricas que marcaram a sua época na década de 1960. Foi nesse período que nasceu a equipe Hollywood, cujo título incial era Equipe Z, iniciativa de Anísio Campos. Tambem da mesma época é a equipe Brahma de Norman Casari. A primeira competia com 2 Porsche e a segunda com Lola e o protótipo Casari 230, este com o motor Ford 302.

Em 1971, pilotando o Casari A230 numa etapa do Torneio Sudam, Jan Balder sinalizava para o box afim de obter a diferença entre ele e outro concorrente, mas a equipe não entendeu o pedido. No final da prova, ao mudar de terceira para quarta na saída do Bico de Pato, entrou segunda marcha, e rodou ao mesmo tempo que o giro do motor subiu muito alto. Mesmo assim venceu a prova.



Perdi uns 10 segundos, mas continuei na frente e venci a corrida. Ao chegar no boxe, minha equipe veio eufórica. Alguem disse que tinha sido um passeio e naquela volta tinha dado para poupar. Respondi logo: “O boxe decide corridas e nesse caso tivemos muita sorte”. Pedi para checarem se naquela saída de giro as válvulas não tinham batido em cima, mas aparentemente estava tudo bem.


O carro foi preparado para a corrida seguinte, a principal do dia, que mesclava protótipos nacionais e importados. O piloto escalado pelo chefe Norman era o Amauri Mesquita, outro apaixonado e era muito rápido em veículos de turismo nas corridas cariocas. Na largada, o Porsche 908 da equipe Hollywood, mais uma vez com Luiz P. Bueno, disparou na frente, e o Casari 230 não passou da Curva 2 com o motor se entregando e deixando a pé meu amigo Amauri Mesquita, na sua estréia. Norman Casari teve problemas com o Lola, e Renato Peixoto, com seu lindo protótipo de motor Ford Cortina 1,6, salvou as honras da casa, terminando entre os dez primeiros.


Os dois Porsche da Hollywood andavam como um relógio suíço. Era lindo ver o Luiz Bueno aquecendo suavemente o motor e os cuidados que ele tinha com o carro, parado ou em movimento, com sua perfeita e limpa pilotagem. Deve-se levar em conta que a equipe Hollywood, além do Porsche 908, contava também com o piloto mais completo em atividade no Brasil.


Norman Casari com a equipe Brahma, e Anísio Campos, com a Hollywood, ganhavam mais um aliado no processo de profissionalização: Pedro Victor de Lamare, ao lado da mulher e companheira de todas as horas “Gigi”, adminstrava sua escola de pilotagem e vivia de automobilismo. Pedro Victor correra por várias equipes, passando pela Willys, BMW, Alfa/Jolly e, a partir dos anos 1970, tornou-se definitivamente independente, passando a preparar Opalas para a classe turismo, sob o comando do ´Caito´.


No 17o. capítulo de seu livro, Jan dá ênfase à questão do profissionalismo que começava a reinar no Brasil. E não se esquece de fazer menção à parte a uma coisa que presenciou de dentro do seu carro - a finesse da pilotagem do seu amigo Luiz Pereira Bueno. Este retornara da Europa e infelizmente não conseguira se fixar lá. Uma pena pois lhe sobrava habilidade para ir muito longe. Aqui nesse capítulo do seu livro, Jan faz uma retribuição à amizade com o grande Luizinho, pessoa com quem dá muito gosto conversar, sempre pronto para um bate-papo. Os encontros dos dois são sempre acompanhados de sorrisos, abraços e as providenciais piadinhas de boxe. Sorte dos brasileiros amantes do automobilismo, que hoje podem ter notícias dessa figura, resgatada pelo interesse dos muitos amigos que fez. Hoje Luiz está de volta às pistas no comandando da equipe MFG Racing Team que participa da Classic Cup.

Em Março de 2009 a Revista Brasileiros publicou uma bela matéria sobre Luiz Pereira Bueno e em Setembo outra sobre Pedro Victor de Lamare. Ambas escritas por Jan Balder.

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