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quarta-feira, 10 de março de 2010

Consumo de combustível na F1 - teremos surpresas em 2010?

Na F1 do passado não se faziam reabastecimentos porque simplesmente não estavam previstos na estratégia das equipes. Particularmente falando eu penso que aquele período era mais emocionante pelo fato de que os carros se mantinham na pista o tempo todo até o final da prova.
 
Os pit stops normalmente significavam problemas que não seriam superados depois por conta da perda de tempo no box. Isso fazia com que a preparação para o fim de semana fosse intensa e criteriosa, e não devemos nos esquecer que os treinos fazem parte das emoções do evento embora as atenções estejam sempre voltadas para a corrida em si.
 
Neste ano os pit stops serão emocionantes pois serão muito rápidos porque estarão restritos à troca de pneus. Diferentemente da F1 do passado, hoje as equipes lidam com equipamentos de acerto conhecido por todos e com previsibilidade de desempenho. Portanto o consumo de combustível pode ser muito bem controlado por todos. Mas, lendo o que se tem publicado na internet, eu não encontrei nenhuma menção que relacionasse o consumo com a aerodinâmica. A maioria dos textos foca muito a questão da diferença de peso entre início e final de prova.

 
Numa conversa com um piloto da Spyder Race no ano passado eu lhe perguntei sobre a influencia de um elemento na ponta da asa que é comumente conhecido como trim na aviação. Ele me disse que do neutro para um angulo de ação positiva, resultava numa diferença de 400 rpm no final da reta.
 
Nos carros de F1 as asas causam arrasto e retardam a aceleração do carro, o que também resulta em consumo de combustível. As corridas realizadas com tanque cheio na largada resultarão em dois problemas constantes para as equipes. Um está ligado à altura do carro numa pista ondulada. Com o tanque cheio será mais fácil o carro bater o fundo em determinados locais. Outra questão se refere às frenagens que serão mais difíceis com o tanque cheio.
 
Mas à medida que a corrida prossegue o peso total diminui e a pressão aerodinâmica se mantém. Carros mais leves consomem menos e com menor inclinação das asas também. Essa conta de chegar que altera o consumo de combustível de forma desigual do começo ao final da corrida será outra variável para complicar a vida das equipes. Isso porque asas são um recurso para maximizar a aderência, a qual não depende apenas da aerodinâmica e de muitas outras coisas.
 
Como é preciso restar combustível no tanque ao final da prova para análise, o consumo deverá ser muito bem dosado. As equipes têem tudo na mão para acompanhar o consumo de combustível e tomar atitudes que gerem influencia direta. E como mais potencia significa mais consumo, e mais asa significa a mesma coisa, o previsto é que os pilotos adotem atitude de pilotagem diferente entre inicio e fim de acordo com a expectativa de uso do que têem na mão, o que inclui o consumo de combustível.
 
Um ponto que pode mostrar surpresas é a diferença de tempo entre as equipes durante uma prova. Os motores são iguais para todas as equipes e usam o mesmo gerenciamento eletronico. Porém, a performance e o consumo de pneus e combustível é resultado do pacote todo. Portanto não se pode esperar que todos tenham o mesmo consumo o que dá a chance de surgirem diferenças maiores do que nos anos anteriores. E surpresas também.
 
Assim sendo, os mais bem estruturados e os pilotos mais técnicos poderão ser os que se destacarão em cada etapa. É muito possível que venhamos a assistir provas em que no final algum piloto que levou o equipamento por toda a corrida de forma mais cuidadosa, dispare e crave voltas voadoras e faça ultrapassagens inesperadas. Como vimos muitas vezes na F1 do passado.

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