Páginas

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Interlagos - um sábado que eu não vou mais esquecer.

As duas categorias de automobilismo que mais me atraím na década de 1970 eram a Super V e a Divisão 3. O grande charme da Divisão 3 eram os fuscas, sem dúvida. Aqueles paralamas alargados, grades no capô traseiro, o rugido do escape cruzado, tudo isso são coisas que ficaram na minha memória.

A Super V era outra categoria que eu adorava. O que tínhamos de mais sofisticado no automobilismo de então eram os monopostos. A Super V era emocionante e sempre que havia chance eu ía ao autódromo. Eu não tenho a memória privilegiada de muitos amigos meus porque eu gostava muito dos treinos. Eu ía a poucas corridas porque gostava muito mais da movimentação nos boxes em dia de treinos.


Interlagos ainda não tinha sido deformado e um dos pontos onde eu às vezes ficava assistindo treinos era na ponta da arquibancada lá em frente à subida. A visão era ampla dali e eu gostava de ver os carros ganhando velocidade na subida. Além disso vivíamos o clima da F1, já tínhamos um campeão na cateogoria e já era pública a criação de uma equipe brasileira com um carro brasileiro.

Certo sábado à tarde eu estava na arquibancada e em dado momento encerrou-se o treino dos monopostos. Eu, como muitos, já estava bem acostumado com o ronco daqueles motores. Os Super V não usavam o escape cruzado que era empregado nos fuscas D3. O ronco e a subida de giro do Super V eram bem característicos.

De repente no meio daquele silencio peculiar de final de treino, ouço um motor subindo de giro muito rápido. Bem mais rápido do que eu estava acostumado a ouvir. Na hora pensei “que motorzão esse, heim..”. Então me lembrei do Copersucar. Na hora o carro estava num ponto da pista que eu não conseguia ver. Trocava de marcha muito rápido, bem mais que o habitual. E daqui a pouco passa o foguete na minha frente subindo em direção à reta dos boxes. Era a primeira vez que eu via aquele carro na pista. Claro que fiquei maravilhado com aquilo. Se eu achava a Super V veloz, imagine a impressão que me causou um carro de F1. E o visual era incrível, todo carenado, bem diferente do que estávamos acostumados a ver na tv e nas revistas. Para mim aquilo foi um show de alguns minutos que ficou marcado para sempre na minha memória. Um carro de F1 fabricado aqui e andando na minha frente. Foi o máximo.

Recentemente este mesmo carro foi recuperado pela Dana e se apresentou no clássicos de competição, momento em que matei a saudade de vê-lo andando. Claro que isso me trouxe a memória daquele dia em Interlagos, antes da estréia do carro na categoria. Tirei uma foto que por mais que eu tente não consigo encontrar, mesmo tendo vasculhado o computador e CD´s. Mas aquela visão associada ao ronco do poderoso do Cosworth DFV eu não vou esquecer mais. 

Nenhum comentário: