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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Nos Bastidores do Automobilismo Brasileiro (2)


fragmentos do livro de Jan Balder e comentários do Amigos Velozes.

No final da década de 1960 eu era um adolescente e Fittipaldi era um nome conhecido para a garotada da época. Mas eu me lembro também de outros nomes lidos em revista, como por exemplo Jim Clark, Graham Hill, Bruce McLaren, Surtees, Hulme, Ferrari, Ford, Goodyear, Dunlop, Shell e mais outros que não me recordo no momento. Havia uma corrida importantíssima chamada Mil Milhas que ocorria num autódromo chamado Interlagos, não tão longe da minha casa. Num período em que tudo era muito diferente na cidade cheguei a ouvir o ronco de motores na pista, assim como na infancia me lembro de ter ouvido motores de aviões em Congonhas, mesmo morando perto da represa Billings.


Na introdução do seu livro Jan fala de eventos que trilharam os caminhos do nosso automobilismo. Coisas que aconteceram numa época em que eu apenas lia um pouco em revistas e sem um interesse especial em acompanhar in loco. Apenas muitos anos mais tarde com a chegada desse livro no mercado, eu tive a oportunidade de ler coisas que jamais tinham sido publicadas. Abaixo tres trechos da introdução que dão uma idéia do tema a ser explorado. Introduzir um tema não é simples, mas Jan o fez com incrível pontaria. Confira.




Porque o Brasil faz tanto sucesso em todas as categorias do automobilismo? Essa pergunta, que me foi feita por um conceituado jornalista do The New York Times no início da década de 1990, no Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos, ainda hoje me vem à mente e faz parte da conversa com muitos dos apaixonados por corridas de automóvel.

Partindo para o vale-tudo, as fábricas adaptaram seus modelos à Categoria Força Livre. Entrava em ação a “ginga brasileira”, com um regulamento genuinamente nacional. Valia tudo, incluindo rebaixar o teto, aliviar o peso dos carros, trocar vidros por plástico, retirar assentos de passageiros, adaptar freios, usar novas relações nas engrenagens do câmbio, preparar o motor com escapamento e carburadores à vontade. Havia a possibilidade de incontáveis novas criações. Apenas o bloco do motor tinha de ser o mesmo do modelo de série.

Esse livro era um sonho que só pode se realizar graças à MAHLE Metal Leve, uma das empresas pioneiras da indústria automobilística brasileira. Com seu apoio, na frente novamente, estamos resgatando a história do nosso automobilismo.


O último parágrafo, aqui reproduzido, é a mais pura verdade. Êsse livro surgiu para o mercado por conta do interêsse da Mahle em publicar textos que falem da história do nosso automobilismo, editados por pessoas que teem credibilidade no meio pelo fato o terem vivenciado.

A pergunta feita pelo jornalista do NYT é pertinente. Na época citada estávamos na era Senna que seria interrompida trágicamente 4 anos mais tarde. O Brasil simplesmente despontou para o automobilismo mundial, onde os ingleses, franceses e italianos eram os que disputavam entre si curva a curva a primazia de serem os melhores no ofício.

Não era muito claro para êles que os brasileiros pudessem fazer exatamente o mesmo e ainda por cima lhes roubarem títulos, no bom sentido é claro.

O segundo trecho aqui reproduzido dá uma pista do ambiente que havia no automobilismo brasileiro na década de 1960. É importante notar que os brasileiros que primeiro fizeram sucesso na europa, eram garotos que aprenderam o ofício exatamente nessas circunstancias citadas nesse parágrafo.

Por muito tempo os brasileiros pensaram que a ida dos nossos primeiros pilotos para a Europa era nada mais que um ato aventureiro. Principalmente garotos da minha idade que não tinham ligação direta com o automobilismo, colhiam as informações que liam ou eventualmente ouviam nos rádios e tv´s. Informações resumidas e incompletas num período em que o nosso automobilismo estava crescendo sem parar.

Na prática, publicavam-se as notícias, mas nunca os porquês. Agora eles apareceram.


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