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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Montadoras e Fórmula 1 - vale a pena estar na categoria?

O site Grande Prêmio inseriu uma matéria na qual cita uma entrevista do presidente da Renault, Carlos Ghosn, onde fica nítido nas suas declarações, não apenas o desinteresse pela categoria como também uma dúvida a respeito da participação da montadora na próxima temporada. A Renault provavelmente entrará na fila dos dissidentes juntado-se à Honda, BMW e Toyota. Além disso há tambem a Bridgestone que já comunicou que participa apenas em 2010. E até o momento não tenho notícia do interesse de outro fabricante de pneus.
Faz muito tempo que a Formula 1 resolveu utilizar na construção de partes dos seus carros uma materia empregada na aviação que é a fibra de carbono. A categoria se distanciou imensamente, do ponto de vista tecnológico, dos carros de passeio que adquirimos nas revendas. Curiosamente, o último item que foi acrescido aos carros de F1, e que se trata de desenvolvimento das montadoras, o KERS, foi abandonado para o ano de 2010.
Uma iniciativa como a dos irmãos Fittipaldi, que na década de 70 construíram o único carro nacional de F1 num pequeno galpão ao lado do autódromo de Interlagos, atualmente soa como um romance, quando comparamos isso às exigencias tecnológicas e estruturais de uma equipe de F1. Portanto a distancia que há entre um carro de F1 e um de passeio que uma montadora coloca nas ruas, é um imensurável abismo.
As corridas automobilísticas sempre foram e continuarão sendo um marketing muito bom para os produtos de uma montadora. Mas a F1 se enquadra nessa avaliação? Os custos compensam de fato? Não vamos nos esquecer que o propósito de uma montadora é fabricar e vender carros com lucro.
Uma empresa como a Renault, custeia todo o processo de construção de um F1 e toda a estrutura operacional. Isso inclui fabricar motores e câmbios. E como se trata de tecnologia exclusiva e muito sofisticada, emprega-se uma grande quantidade de dinheiro para produzir uma pequena quantidade de bens, que por consequencia terão um custo total altíssimo. E porque alguem faria isso nos dias de hoje? Se as montadoras quebrarem porque não conseguem vender no seu mercado alvo, o que será feito das suas estruturas? Como vão se recuperar disso?
O público que adquire uma determinada marca, o faz muito em função de dois fatores principais. O marketing do dia-a-dia visto nos veículos de marketing tradicionais, e questões de preferencia pessoal que podem ser alimentadas até mesmo por cultura familiar. Tudo que há num carro de F1 é inaplicável num carro de passeio e os clientes não estarão procurando por isso na revenda.
Deixo alguns questionamentos que perambulam na minha cabeça.
Se as montadoras estão avaliando específicamente a F1 com muito pouco interesse, porque a Mercedes está lá, dessa vez com equipe própria? Arrisco a dizer que a saída das outras vai deixar um espaço de exposição muito maior para quem fica.
O que pensa a direção de uma montadora ao ver uma equipe independente, que não faz outra coisa além de carros de F1, iniciar o campeonato sem nenhum patrocionio e ganhar das outras equipes de fábrica? A Mercedes pensou em comprá-la.
Porque uma marca como a Ford, que vai muito bem obrigado, não está na F1, assim como outra que produz veículos com tecnologia bem sofisticada, como a Citroen?
Tenham essas questões as respostas que tiverem, eu não estranharia que as montadoras passassem a se interessar muito mais por competições de turismo ou rallys, o que por tabela passaria a imagem de que a F1 não é mais um grande marketing. Algo do tipo ‘aqui já se fez tudo que era possível’.


Um comentário:

Tohmé disse...

Zé, muito bom esse blog. Adorei os textos.