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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Jan Balder - Após as competições! - Final.


O post anterior com o título "Jan Balder - Após as competições!" encerrou a série em que Jan Balder nos contou o que aconteceu na sua vida após a fase de pilotagem. Mas faltou um ítem que tornaria muito extensa essa série, que diz respeito aos rallies por êle organizados. Aqui vai uma breve exposição sobre êsse tema e em seguida um depoimento meu.

Em 1988, um ano antes de acompanhar na europa os primeiros testes de Rubens Barrichello, época em que Ayrton Senna dava seus primeiros passos significativos na F1, Jan Balder realizou a organização técnico-esportiva do 1o. Rally Long John - Hotel do Frade em Angra dos Reis. Então tinha na sua bagagem a experiência adquirida em rallies terrestres, entre êles o Rally da Integração Nacional do qual foi vencedor. A prova de Angra dos Reis foi um rally náutico de regularidade. De lá para cá totalizou 30 participações nessa modalidade, entre elas 8 em Caiobá, 8 em Barra do Una, 3 em Angra, 3 na represa do Guarapiranga, e outros mais, sempre como organizador técnico. Em 97, 98 e 99 desempenhou o mesmo papel em 3 rallies terrestres e em fevereiro de 2009 criou o Torneiro Interlagos de Regularidade em 4 etapas, das quais 3 já foram cumpridas e a última se dará no mês de Dezembro. Utiliza para isso tecnologia moderna de rastreamento por satélite de forma que os way points são virtuais. No caso do Torneio Interlagos que se dá em pista fechada, há mais de um way point em locais desconhecidos pelo participante, de forma que a proposta de regularidade é levada à risca em tôda a pista por fôrça das circunstâncias. A mesma metodologia é empregada nos rallies náuticos mas com uma faixa tolerância de desvio lateral da rota por conta das correntes de água que tiram a embarcação do trajeto. No final da prova o participante tem a possibilidade de ver a sua rota plotada no computador. Uma situação muito diversa dos tempos em que êle mesmo foi navegador levando no carro a antológica calculadora mecânica Facit que desapareceu dos balcões das lojas nos dias atuais. Além disso fêz serviço de telemetria em 3 provas de jet ski em São Vicente e Iguape.

As minhas lembranças me dizem que o meu primeiro contato com o automobilismo se deu com as últimas páginas de uma revista 4 Rodas do meu pai quando eu estava no primário. Um pouco depois meu pai ia visitar um amigo num sábado e passamos pelo autódromo onde havia uma prova. Paramos e eu vi Simca´s e Gordini´s e JK´s na pista. Mais tarde passei a frequentar o autódromo e também algumas oficinas. Nestas me lembro de uma pessôa à qual infelizmente não posso pedir as suas memórias pois já se foi. O Giba, que foi preparador da famosa Brasília de Ingo Hofmman. Uma pena pois era uma pessôa gentil e lúcida que sempre me antendeu muito bem. Uma época em que se fazia amizades muito fácilmente em oficinas e passavam-se horas dando risadas. Eu não tenho memória do automobilismo porque não me dediquei a acompanhar tudo em detalhes. Mas eu me lembro dêsse automobilismo de disputas de freada na curva 1 de Interlagos. E me lembro também dos carros entortando lateralmente no contorno da curva do Sargento e também daquela lanchonete de balcão de concreto atrás dos boxes. Essas lembranças esparsas acabaram se tornando o meu elo de ligação com Jan Balder e a amizade que desenvolvi com êle me colocou em contato com pessôas de quem não tinha mais notícias. O último foi o Minelli da Minelli Racing, fabricante de equipamentos de competição. Não o via há 30 anos. Falta encontrar o Capacête que trabalhou na Dacon e que segundo consta ainda está lá pelo Itaim.

Mas principalmente nos falta sabermos que muitos dêsses pilôtos e mecânicos estão vivos e trabalhando diáriamente. Foi êsse o propósito dessa entrevista com Jan. Deixar aqui um registro da sua pessôa que seja independente das suas façanhas nas pistas. Tentar passar a noção de que as pessôas não podem ser vistas apenas por um cronômetro ou por uma soma de pontos. O ser humano é uma pirâmide de fatôres. É por isso que vejo com péssimos olhos a infantil discussão que se trava vez ou outra entre sennistas e piquesistas. Também pelo mesmo motivo vejo com maus olhos essa malhação ao judas que se dá frequentemente com Rubens Barrichello. O que nos levou a esses exagêros foi o ufanismo e o desprêzo que o brasileiro tem pela sua história. Nos tornamos um povo midiático, consumista e guiados por uma iconografia muito duvidosa e por fim sem referências.

Espero ter dado uma contribuição, mesmo sabendo que é ínfima, no sentido de deixar registrado via internet algo mais sobre uma pessôa que também se preocupou com os seus amigos que andaram esquecidos feitos fotos amareladas.

Valeu Omelete!

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