Páginas

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O que eu perdi.

Se voce gosta de velocidade e adrenalina esqueça esse negócio de karts, formula 1, corridas, isso é tudo bobagem. Nada se compara ao que eu vi. Ou melhor, o que eu vi ´depois´.
Quando eu estava na idade militar tive a malfadada idéia de tentar academia de força aérea. A EPCAR. No exame de vista um oftalmo japonês (nunca esqueci que era japonês) sentenciou: - Voce nunca vai sentar num caça. No máximo comercial.
A minha reação foi óbvia. Vou fazer o que na comercial??? Resposta também óbvia: VOAR.
Quando estava perto dos 40 fui num evento no Campo de Marte. O Domingo Aéreo. Não chega nem aos pés de Le Bourget, mas tem o que mais interessa. Aviões. Tem acrobacias, esquadrilha, T6, revista e tudo que tem direito. Num determinado momento eu estava conversando com os pilotos da esquadrilha e um deles olha para o relógio e diz:
- Daqui a cinco minutos o F5 chega. Levantou agora de Pirassununga.
Fiquei sentado numa cadeira conversando com ele. Na época eu estava fazendo um bico na editora da Revista Sipaer. O papo óbviamente eram aviões. Eu sabia onde era Pirassununga e a prôa na qual o caça chegaria em Marte. Bem, se o cara falou em 5 mintuos então vem mesmo no pau.
Era hora do almoço e de repente um estrondo dos diabos e muita gente gritando assustada. Parecia uma bomba. Eu assutei sentado na cadeira, dei uma piscada de olho instintiva e um giro no pescoço à direita. Quanto tempo leva isso?? O tempo necessário para o cara cobrir a distancia que há entre Marte e algum lugar depois da Penha. Palavra, nunca vi uma coisa andar tão rápido. O piloto passou na barreira, rasante. Sabe o que é isso? Quando eu visualizei o caça, ele estava pequenino lá no meio dos infernos nos limites da cidade. Depois ele voltou de lá e fez uma coisa sensacional. Veio lento, baixo, trens e flaps extendidos, bico apontando pro céu e simula um toque e arremetida relativamente próximo do chão para os padrões de uma situação dessas. Em seguida dá um gás nas máquinas, começa a recolher tudo e desparece no céu. Fantástico.
Na sequência veio um 737-200 que não lembro mais se era Vasp ou Transbrasil. Veio simulando toque e arremetida, bem baixo. Fez a volta lá na frente, voltou e fez igual. Voltou de novo e aí eu entendi o que tinha perdido. Veio limpo a 360 nós, rasante. Como é turbofan faz muito menos barulho que as turbinas de caças e voce consegue ouvir o som do deslocamento do ar. O comandante saudou à todos quando passou em cima da pista. A torre solo colocou a fonia no sistema de som para o público. Eu estava ao lado da mureta da pista vendo o maquinão passar rápido e a alguns metros acima da minha cabeça.
Aí falei para o Paulino que estava ao meu lado: - O que eu estou fazendo aqui em baixo?

Conheci certa vez um sujeito que foi em Le Bourget. Lá um piloto fez o mesmo com um Mirage. Veio baixo, na barreira e bem em cima do aeroporto ligou o afterburner, cabrou e foi pro céu igual foguete. Disse ele que à sua volta não ficou um copo cheio. Caiu tudo.

foto: arquivo da FAB

Nenhum comentário: