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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Haja lâmpadas


Há um site da Nasa chamado Astronomy Picture of the Day que publica fotos do espaço intergaláctico, do sistema solar e outras. A foto desse post é uma panorâmica da Terra à noite. Veja como a iluminação artificial se destaca. A foto pode ser baixada em alta resolução aqui. Dá um belo papel de parede.

Ditos populares reescritos

- Em terra de cego, quem tem um olho é caolho.
- Quem espera sempre cansa.
- Quem ri por último é retardado ou não entendeu a piada.
- Devagar se chega atrasado.
- Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém... exceto à galinha.
- Depois da tempestade vem a inundação.
- Roupa suja se lava na máquina.
- Onde há fumaça há sempre alguém pedindo para apagar o cigarro.
- Antes tarde do que mais tarde.
- Os últimos serão desclassificados.
- Quem tem boca vai ao dentista.
- Se Maomé não vai à montanha, então Maomé vai à praia.
- Quem cedo madruga fica com sono o dia inteiro.
- A primeira impressão é a que fica, se o cartucho for novo.
- Quem tudo quer, tudo pede.
- Não adianta chorar sobre o leite desnatado.
- Quem com ferro fere não sabe como dói.
- Há males que vêm para o bem...mas a maioria vem para o mal mesmo.
- Quando um não quer o outro vira de lado e dorme.
- Nunca deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã.

Última calçada

A Helena, muito bem humoradamente, apelidou de ´A série calçadas do Brasil´ aqueles e-mails que eu mandei com fotos de calçadas estúpidas onde o único que não pode utilizá-las é justamente o pedestre.
Chega de calçadas. Apenas para resgistrar aqui, vai a ultima foto de uma calçada que não pode ser chamada dessa forma porque você não tem como andar nela. É preciso escalá-la. Eu pensei que a solução poderia ser um elevador. Mas aí a prefeitura, que apenas fatura taxas como se pode ver pelas nossas calçadas, vai querer cobrar algunzinho extra. Não daria certo. Aliás, nessa rua os 3 quarteirões que estão atrás de mim são intransitáveis na calçada.
Quer andar numa calçada para pedestres? Vá em Stuttgart, lá onde fica a fábrica da Porsche. Lá tem.

O fim do Espanhol


Espanhol era o nome pelo qual chamávamos o Los Arcos, um bar no final da av. João Dias. Fui algumas vezes nesse bar no final da década de 70. Era um ambiente tranquilo, com decoração simples e boa bebida e petiscos. Entre outras coisas servia um vinho quente muito bom. A decoração de uma das paredes justificava o nome do bar conforme pode-se notar numa das fotos. Esse quarteirão da João Dias teve sua época, mas hoje se resume a inundução, conforme um dos primeiros posts do blog, transito e eventualmente até alguns tiros como ocorreu ha poucos dias. Bares fazem parte da nossa cultura mas não são capazes de resistir às agruras do capitalismo selvagem e vez ou outra sucumbem. Aí uma parte da vida social de um determinado lugar muda ou até mesmo se extingue. As fotos acima são do que resta hoje das paredes do antigo Los Arcos. Na segunda aparece o madeiramente que ficava na parede do balcão. O prédio foi demolido e o que resta no momento como testemunha de um tempo bom desse local são essas paredes. Mas houve mais no passado. À minha direita, próximo à esquina com a rua S. José havia o Muchachos, cujo dono Horácio infelizmente já se foi. Atrás, do outro lado da avenida, havia a lanchonete Fantásticus que no passado foi ponto de motoqueiros e hoje deu lugar a outra lanchonete que não consegue decolar. Ao lado desta ainda resiste ao tempo um patrimônio do local. A choperia Ilha Bela. Um lugar muito tranquilo que já deve ter uns 40 anos de existência. Continua com o mesmo serviço e a mesma decoração. Ótimo para um chopp com canapés e uma boa prosa. Foi da porta desse que tirei as fotos daquele dilúvio.
O Espanhol passou por outras mãos antes de cerrar as portas. Entre outros o meu sumido amigo Zé Maria, basco que conzinha muito bem, que vendeu a um cara que mudou o nome para Paulicéia. E aí foi o ponto final do Espanhol.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Skunkworks Formula 1

Procure no Google o que é Skunkworks e tire as suas conclusões. Apenas para adiantar é uma trademark da Lockheed Martin. Isso surgiu na segunda guerra quando a Força Aérea Americana correu para a Lockheed solicitando um projeto de um caça a toque de caixa. Básicamente é uma idéia gerencial que tem como finalidade cumprir as etapas de um projeto com o mínimo de pessoal envolvido profundamente e em condição de sigilo total.
Essa é a explicação que Peter Windsor, ex-Williams, deu numa entrevista no site da F1 ao ser perguntado sobre o approach não usual que pretende empregar no projeto USF1, a equipe americana de F1.

Numa pergunta anterior sobre a retaguarda financeira que sustenta a idéia dele, deu uma explicação bem longa e possivelmente com o propósito de não apenas não ser conclusiva como também confusa. Citou o Silicon Valley como provável fonte de captação de dinheiro. E citou também Joe Kennedy como exemplo a ser seguido em época de crise.

Quanto ao Joseph Kennedy, a forma como multiplicou a sua fortuna é bem conhecida. Ele foi embaixador na Inglaterra e era muito íntimo do presidente Franklin Roosevelt. Consta que ele ficou sabendo do fim da lei seca com exclusividade e por conta disso ligou para os amigos ingleses e comprou o que houvesse de bebida alcoolica disponível. Houve uma piadinha que dizia que cada bêbado que cambaleava de uma costa à outra dos Estados Unidos, punha uma moeda no bolso de Joe Kennedy. Multiplicando-se o valor das moedas pelo número de pinguços, que não é pequeno, o que se deduz é que Joe Kennedy ficou milionário por conta disso. São as más línguas.

Quanto à equipe de F1 americana que será gerida por um conceito proprietário da Lockheed, vou lembrar uma frase típica da aviação. O que faz um avião sair do chão é a grana e não o teorema de Bernoulli.

E quando chegou na hora de Peter Windsor dizer quem efetivamente está bancando a conta, ele saiu pela tangente e disse que o máximo que pode revelar é que vendeu uma parte do team, o que lhe dá dinheiro para desenhar e produzir o primeiro carro.

Resumindo. Até aqui vendeu uma idéia para a qual procura investidores. Pode ser que ele seja muito bem sucedido e o sigilo ´skunkworkiano´ com que trata do assunto é compreensível. Mas um dia terá que abandonar o sigilo e dizer às claras como serão as coisas. Ele já citou o ´de acordo´ do Bernnie e tem sido notícia a toda hora. Então, mais cedo ou mais tarde terá que anunciar que pilotos vão pilotar que carro. Por enquanto só mistério. E por falar em mistério, tentei entrar no site da equipe e este também parece ser sigiloso. Não aparece coisa nenhuma.

Não é proibido, mas não é permitido

Isso mesmo. O que não é explícitamente proibido pode não ser permitido, aceito. Mas aqui no Brasil é preciso placa de proibição. Foi assim que passei uma das vergonhas públicas da minha vida.
Como típico cidadão brasileiro que pensa que esporte é apenas futebol e que praia existe só no Brasil, embora os mares banhem as costas de todos os continentes do planeta, eu também já me senti como estranho no ninho na casa dos outros. Olham para você tentando advinhar de que lugar teria vindo esse espécime estranho à comunidade, se você esteve prêso, se é terrorista, ou se você tem grana demais e educação de menos.
Foi num dia em que após o almoço em um desses restaurantes fast em Zurich, acendi um cigarro para dar uma breve continuidade ao papo. Mas não tinha cinzeiro. E olhando em volta não havia um único nas outras mesas. Pensei em chamar o garçon mas eu vi que algo estava muito errado. Acontece que lá, ao menos em 1986, não havia placas de proibido isso ou aquilo. Assim sendo, de forma muito simples e objetiva, onde não há cinzeiros é claro e evidente que não se pode fumar. A não ser que você seja um desses maloqueiros de plantão que jogam a cinza no chão ou por cima do ombro. Portanto não há que se proibir coisas. Elas são como são e pronto. É uma questão de adaptação.

O intuito da estorinha besta e sem importância é apenas lembrar que há outras pessoas, que vivem em outros países. que pensam e agem de forma diferente da nossa. E isso pode tanto ser agradável como também desagradável. Por sinal, o suco de maçã da Suíça é tão bom quanto os queijos.

Por isso recomendo a leitura diária do novo blog do Mestre Joca. Lá ele conta um tanto do que viu morando nos Estados Unidos. As observações são muito interessantes porque ele é um cara muito observador, coisa que se constata fácil pelos textos. Vale a pena. Segue o link.

http://diariosdoautoexilio.blogspot.com/

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

NEU ZUR ALTEN MUEHLE - Embú

Marinheiro de primeira viagem é um problema. Todas as minhas fotos de hoje estão com a data estampada. Acho que houve ´conspiração´ a favor da data. Que seja.

Ao tema.

A cidade de Embú, antiga aldeia M'Boy onde acontece a conhecida feira de artes, é a sede do novo restaurante da família Heying, da qual publiquei um post anteriormente.
Foi inaugurado hoje o restaurante Zur Alten Muehle do município de Embú, que por sinal é a cidade natal dos herdeiros de Willy Heying. Uma cidade histórica marcada pela feira de artes e pela Igreja Nossa Senhora do Rosário, tombada pelo Patrimônio Nacional.
Num país onde a vida cultural e intelectual se tornou coisa de gente ´chata´, a cidade de Embú permanece como um símbolo da riqueza que a arte representa. A tradicional feirinha de artes não é uma feira de bugigangas com valor questionável, mas sim um ponto de turismo onde se respira um ar diferente, uma sensação de que o mundo vai muito mais além do consumismo sem sentido dos dias de hoje, e muito mais próximo do bem estar do ser humano em contato com a sua comunidade, de forma saudável e harmoniosa.
Lugar onde as construções dão a impressão de que o tempo parou. Que o tempo é um valor secundário, tal qual pretende atestar um relógio em uma loja de antiguidades.
Nesse contexto agradável é que foi inaugurado hoje o Zur Alten Muehle Embú, que contou com a presença de uma parcela muito importante da comunidade de amigos dessa família que já se tornou parte da história do município. Talvez Willy Heying não imaginasse que um dia os seus herdeiros continuassem a sua história precisamente no lugar onde vieram ao mundo. Mas, seja lá como for, a verdade é que a inauguração de hoje é mais um capítulo de uma história familiar de trabalho, determinação, amizades longas, tradição, e tudo aquilo que possa se referir à maravilhosa cultura alemã, carregada de tradicionalismo e autenticidade. Amigos e familiares se reuniram numa confraternização que marca outra etapa de muita alegria, risadas, vários copos de ótimo chopp, abraços e desejos de uma longa e proveitosa vida desse novo restaurante, que tenho certeza que marcará o seu espaço e seu tempo nesse local. Vou usar de um tanto do meu saber ´Zur Alten Muehle´, ao afirmar que será uma etapa de sucesso, pois hoje me senti tão à vontade nessa casa, assim como foi há quase trinta anos na primeira casa da família, no bairro do Brooklin, onde nasceu a nossa amizade. Seguem algumas fotos dos nossos amigos em clima de confraternização. Em outro post, o cardápio, o mapa e a primeira conta do boteco.
Erga o copo e diga bem alto: - Prosit!!!!!Uma parte kartista, a outra platéia
Continuidade: da esquerda para a direita, Carlos, Werner, Walter
Jamais me cumprimentou sem sorrisos
Alexandre: lambe-lambe oficial da noite

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Quanto riso oh quanta alegria


Amigos velozes, foliões igualmente.
Sempre cito que os meus amigos não são pessoas comuns, coisa que as fotos desse post podem comprovar facilmente. Disso só posso me orgulhar.
Recebi agorinha essas fotos e não resisti à vontade de plublicá-las. Para quem pensa que pilotos do passado são homens que apenas têm estórias mil para contar, fique sabendo que eles continuam protagonizando algumas outras na atualidade, bem no estilo autêntico deles. Como por exemplo, essa de saírem numa escola de samba paulistana, cujo nome infelizmente não indaguei.
Na primeira foto, Jan no carro alegórico.
Na segunda uma turma de amigos inseparáveis e na mesma folia. Da esquerda para a direita, Tucano, Jan, Bird, Lian, Águia.
Será que está nascendo um novo bloco aí?

Retificação: a escola é a Gaviões da Fiel

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Bondinho de Santo Amaro

foto: www.museudantu.org.br
Lendo hoje o blog do Mestre Joca, lembrei-me de um tema sobre o qual li há algum tempo. Em 1868, o consul americano em Belém do Pará foi a pessoa que criou uma empresa de transporte de bondes. Seu nome era James Bond e se atribui ao seu sobrenome o aportuguesado ´bonde´ que dá título a esse transporte.
No bairro de Santo Amaro existiu uma linha de bondes elétricos na qual eu já andei quando criança e posso me lembrar prefeitamente do som da máquina partindo de uma das paradas.
O serviço de bondes em Santo Amaro era explorado pela ´The São Paulo Tramway Light and Power´ que arrematou em leilão o patrimônio de uma estrada de ferro que transportou por muito tempo carga e passageiros. Isso se deu em 1900 e em 1913 a Light inaugurou uma linha de bondes elétricos que ia de Santo Amaro a São Paulo. Em 1968, quando eu tinha 13 anos, esse bonde fez a sua última viagem, a qual viria a ser também a última da cidade de São Paulo. O evento havia sido anunciado com bastante antecedência, mas eu não quiz ir poque sabia que teria dificuldade de entrar. Em seguida os trilhos foram retirados, assim como o calçamento de algumas ruas do bairro que era de paralelepípedo foi substituído pelo asfalto. Ao menos aqui nessa região não tínhamos inundações antes disso.
Na foto é possivel ver o piloto, que era chamado motorneiro, com quépe e gravata.
Abaixo os links para a história dos bondes em Belém e Santo Amaro, respectivamente.
http://www.interconect.com.br/clientes/pontes/Bondes/bondes.htm
http://www.santoamaroonline.com.br/fotos/historicas/a_estrada_de_ferro.htm

Vidas que se cruzam

Vou contar aqui uma estória que me marcou pela incrível coincidência.
Na semana do lançamento do Livro de Bird Clemente tive a satisfação de descobrir que Anísio Campos é amigo de um grande amigo meu e que não se viam ha 20 anos. Um dia nos encontramos na casa do nosso amigo comum e tivemos uma tarde de ótimas conversas. Mas esta não é a única coincidência que me liga a este grande amigo. Há outra anterior, bem interessante, onde se cruzaram os caminhos das nossas famílias.
Em 1981 eu trabalhei em uma empresa muito tradicional do setor papeleiro, da qual falarei mais em outro post. Nessa época fui visitar uma família em Guarulhos que conhecia desde a infância. Meu pai veio para São Paulo pela primeira vez quando era adolescente e morou no bairro do Canindé. Lá conheceu um senhor chamado Silvério e sua família. A filha deste, Dora, quando era criança perambulava um dia pelas ruas da região e ao passar em frente a uma grande porta de oficina, viu lá dentro uma máquina muito esquisita. Perto da porta, um homem ao qual ela perguntou o que era aquilo. Este respondeu com semblante sério que era um motor de avião.
Falávamos na nossa conversa da empresa na qual eu trabalhava e o nome lhe pareceu familiar embora não pudesse confirmar com certeza se conhecia.
No dia seguinte procurei o patrão e lhe contei a estória que então já tinha talvez 40 anos. E sorrindo, ele confirmou e esclareceu.
Já formado em mecânica pelo Mackenzie, João Cavallari Sobrinho, filho e sobrinho dos fundadores daquela fábrica, foi procurado certa vez por um maluco que teimava em construir uma máquina impossível. O moto-contínuo. Um mecanismo complexo cheio de pesos e contra-pesos, todos móveis, fixados por braços igualmente móveis e com um eixo central que seria o eixo de saída da engenhoca.
A idéia dessa maluquice era que ao ser posta em marcha, permanecesse girando indefinidamente e no eixo de saída se acoplaria algum outro equipamento que tirasse proveito do ´movimento eterno´. Uma idéia secular jamais realizada com sucesso e absolutamente impossível pois o atrito das partes inevitávelmente pararia o mecanismo.
Mesmo tendo apelado muitas vezes à razão e ao seu conhecimento acadêmico de mecânica, João Cavallari não conseguiu convencer o sonhador, que teimava em construir aquilo, de que jamais funcionaria. Lhe deu um orçamento desencorajador e mesmo assim recebeu a encomenda inusitada.
E no dia em que aquela criança passou em frente à sua porta, ele não encontrou forma melhor de descrever aquela coisa maluca a uma menina que tinha algo em torno de 12 anos na época, e por consequência aquilo se tornou momentâneamente um motor de avião.
Nunca pude esclarecer essa estória para Dora pois aquele dia foi a última vez que tivemos contato. E lá estava eu, 40 anos depois, trabalhando numa indústria que marcou a sua presença no mercado, podendo confirmar uma estória que chegou aos meus ouvidos a partir de uma longa amizade do meu pai, do tempo em que eu nem ao menos estava ´nos planos´. João Cavallari, já falecido, é o pai do meu amigo Celso, com quem mantenho amizade até hoje.

Ivan Lins

O Brasil é um país de grandes pilotos e também grandes artistas. E a década de 70 mostrou isso muito bem, apesar do regime forte da época que fez das suas para mutilar a vida cultural do país. E povo sem arte e sem cultura é povo sem identidade. Mas a arte resistiu às proibições sem fundamento. Parece que a arte pode resistir a muita coisa. Ivan Lins é um representante da época, por quem eu sempre tive simpatia. A mensagem que Ivan transmitia nas suas músicas era realmente motivante. O estilo de Ivan Lins de um brasileiro pra frente, festeiro, alegre, renovador, ficou bem marcado em duas músicas muito famosas. Dinorah, Dinorah e Somos Todos Iguais Nesta Noite. Desta ultima reproduzo os versos. Vale lembrar.

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo...

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores..

Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez...

Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos entrar mais uma vez...

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo...

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores...

Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado...
Vamos dançar mais uma vez...

Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado...
Vamos entrar mais uma vez...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Pilotando o Mickey Mouse - por Jan Balder




Em Novembro do ano passado encontrei a carreteira Mickey Mouse na oficina de restauração de Antonio Carlos de Oliveira. Nem imaginava que este carro estivesse lá e não resisti à vontade de fazer uma foto. Apesar de ser foto de celular, já a computo como resgate de uma história pois eu estava na compania do amigo Jan que também guiou este curioso carro. Recentemente Joaquim Lopes postou em seu blog um texto que explica como surgiu a idéia de criar o Mickey Mouse. Leia aqui. Tento dar complemento ao texto colocando aqui as palavras desse experiente piloto de DKW´s, o nosso querido amigo Jan Balder, que descreve o que lembra da pilotagem de um carro que, até onde sei, é a única carreteira de fábrica do Brasil.
Fala o piloto.

Inspirada no piloto Uruguayo Flor Del Campo, que encurtou a distancia entre eixos do seu Panhard aliviando o peso ao extremo, a Equipe Vemag com uma carreteira DKW de teto baixo pilotada pelo Mário César assistiu de camarote a performance do Panhard em uma corrida na cidade de Rivera ao lado de Livramento na fronteira do Brasil com Uruguay. O Panhard abandonou, porém para a Equipe Vemag foi a gota d´água para construir o Mickey Mouse, uma das ùltimas criações da equipe oficial DKW.
Havia o Malzone DKW enquadrado nos protótipos, uma ótima referência para criar o Mickey Mouse com o cara e imagem do DKW. Diminuíram em 20 cm a distância entre eixos (ficou com 2,22 metros) e o pêso final ficou próximo dos GT´s Malzone.
Ele foi apresentado em Interlagos em ação promocional com Juan Manoel Fangio ao volante. O penta-campeão sofreu com o motor 2 tempos que encharcava fácil.
Nos testes o Mickey Mouse era ligeiramente mais rápido que as carreteiras DKW mais longas, mas ainda assim devia em média 5 segundos no tempo de volta em Interlagos comparado aos GT´s Malzone.
Quando a Equipe DKW foi dissolvida, o Flodoaldo Arouca (Volante 13) adquiriu o pequeno DKW e fez com êle algumas apresentações memoráveis em corridas curtas, uma delas em forte disputa com o Volks-Porsche da Dacon com José Carlos Pace ao volante.
O Volante 13 se identificava bem com o comportamento do carro. Êle me convidou para fazer parceria nas 6 Horas de Interlagos (1967). Fiquei honrado e ao mesmo tempo curioso. Até então a minha experiência tinha sido com os DKW´s convencionais, enquadrados no anexo J Grupo 2 da FIA (estreantes) que permitia preparação interna do motor com parte externa original, no caso com 1 carburador. Quando fui promovido a piloto oficial de competição, passei ao grupo 3 que permitia 3 carburadores, sempre com a cilindrada inalterada (1,0 litro). Mais tarde pilotei o Malzone, inicialmente com motor de 1,0 litro (88 cv DIN) e depois com 1,1 litro que beirava 94 cavalos. Faltava o Mickey Mouse.
O carro andava, tinha um ótimo motor (acho que beirava os 100 cv), o torque, mesmo em pequena faixa, era o ponto alto do DKW. Ele limpava a 5 mil giros e passava um pouco dos 7 mil. O câmbio, apesar de apenas 4 marchas, tinha a primeira era muito longa e tinha que dosar o acelerador para ganhar inércia, mas as outras marchas tinham relação ideal paras as curvas de Interlagos.
Nos contornos de média e baixa velocidade era uma delícia. (ligeiramente saindo de frente) mas nas curvas de alta, especialmente curva 1, 2 e Sol a tendência, apesar de neutra, era meio assustador. Apoiado, o carro balançava e naquela hora tem que acreditar. Mas na cabeça imaginava - Se escapar, viro passageiro!
São os desafios do automobilismo - achar o limite. Virávamos próximo dos 4 minutos na média de 120 kilometros no circuito total de Interlagos.
Pena que na metade da corrida o motor já meio cansado cacabou cedendo, mas foi uma ótima experiência em meu segundo ano de corridas.

Jan Balder

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Chopperia Zur Alten Muehle - uma história de família

Nota: Já tem quase 30 anos que um amigo meu, médico, me convidou para um chopp e um bate-papo num sábado à noite num bar no bairro do Brooklin. Começava ali mais um capítulo da vida de um imigrante alemão e também uma amizade minha que deu origem a muitas outras e também a muitas estórias. Resolvi contar como esse bar surgiu, movido pela minha amizade longa com a família e outros amigos que lá fiz durante tantos anos. O único problema que enfrentei foi convencer meu graçon preferido a aparecer na foto (sim, até um insignificante como eu tem o seu garçon). Essa figura que já é patrimônio do bar, assim como o bar já faz parte da história do Brooklin, é conhecido por todos como Tattoo por sua semelhança física com o ator Hervé Villechaize que interpretou o personagem Tattoo na série Ilha da Fantasia. A grande diferença é que ele está na ilha do chopp e esta é de verdade. No final do texto seguem o endereço e os contatos. Prosit!!!

Em 1954 Wilhelm Heying, ou Willy como era chamado pelos amigos, veio com mais dois familiares da Alemanha com destino à Argentina mas antes fez uma parada no Brasil afim de visitar o padre Johannes Buescher, um dos fundadores da Igreja de São Judas Tadeu e seu tio materno.
O padre João, como era conhecido, convenceu os três a permanecerem no Brasil, o que deu início a uma história familiar longa e frutífera. Cada um iniciou o seu negócio separadamente. Willy criou em 1968 a Embuarte, uma fábrica de móveis rústicos de madeira no município de Embú, onde hoje existe a famosa feira de artes.
Justamente essa fábrica deu início à mais tradicional chopperia alemã do bairro do Brooklin, o Bar Zur Alten Muehle, ou Zur como acabou ficando conhecido pelos frequentadores.
Os alemães que procuravam a fábrica de móveis de Willy, muitos deles diretores das montadoras do ABC, eram recebidos com cervejas e caipirinhas. Em pouco tempo a casa do fabricante de móveis se tornou ponto de encontro de amigos. Assim surgiu a idéia de criar um restaurante no Brooklin afim de receber essas pessoas que não tinham tantas opções de cozinha autenticamente alemã. Isto se deu em 1980 e na época era comum ver no salão todos conversarem em alemão, enquanto o português estava reservado à equipe que entre outros contava com o barman Chico.
Willy casou-se no Brasil e teve quatro filhos, Werner, Carlos, Walter e Mário, este último infelizmente falecido num acidente automobilístico na insegura Regis Bittencourt no município de Embú.
A decoração é toda de madeira, sendo uma parte fabricada na Embuarte e outra adquirida em fazendas do interior do país como pilares esculpidos por escravos, dois monjolos e parte de uma prensa de madeira. O estofado original das cadeiras já foi substituído mas conservam-se ainda os móveis originais, onde o tampo das mesas é de mogno. Há um belo balcão para o conforto de balcãozeiros como eu, uma mesa retangular ao lado da janela (a mesa hum que é repleta de histórias do bar) e como não podia faltar num bar alemão, uma simpática coleção de latinhas de cervejas importadas e várias ´bolachas´ para copos de chopp. Tem um cardápio típicamente alemão do qual posso afirmar que mantém a qualidade tal e qual desde o início. Acomoda 86 pessoas sentadas, apesar de eu já ter visto este bar com talvez umas cento e vinte na década de 90, tal era a procura que tinha nessa época. Apesar do auge incrível de frequência nesse período, jamais deixou de ser ambiente muito familiar.
No cardápio se encontram os mais tradicionais pratos alemães como por exemplo o Kassler. Nas bebidas há o chopp muito bem servido, whisky, steinhaeger, Jagermeister, vodka, Wacholder que é uma deliciosa aguardente que acabo de provar, vinda da cidade de Blumenau.
Vale a pena conhecer. Fica na Rua Princesa Izabel, 102. Esta rua é paralela à avenida Santo Amaro e é travessa da Joaquim Nabuco. Manobrista do bar na porta.
site - http://www.barzur.com.br
tel.: 11 5044-4669


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Passat 21 - Superclassic




O piloto Carlos Bráz, que participa da Antigomobilismo, que se chamava mais apropriadamente Superclassic, montou mais um Passat, conforme as fotos acima. Infelizmente usei a única máquina fotográfica da qual dispunha no momento. O meu celular. Está a venda para quem tenha vontade de comprar um carro prontinho para andar na pista. Tudo novo. Motor, supensão, pneus, freio. Andou apenas uma vez, ontem, para ver se estava tudo em ordem. De Interlagos tem apenas uma volta na pista.
É um 1977 com motor 1,6L à alcool com um preparo que o colocaria na D2 do antigo regulamento da Classic. Câmbio de 5 marchas, aros de aço originais do Passat, santo-antônio, pintura interna e externa novinhas, painel de instrumentos e outros acessórios como extintor de incêndio conforme regulamento. Pronto para acelerar.
Telefone para contato: 11 5641-3611

Bafômetro pra que?????

Há coisas que não devem ser explicadas porque simplesmente não interessa explicar. São como são e pronto. Em 2007 eu disputei 7 etapas da Amika Sênior. E há uma delas que eu me recordo muito bem. Na quarta etapa meu amigo Werner, de quem vou falar mais em outro post, chegou lá meio fora de combate, se assim podemos dizer. Era época em que saíamos do parque fechado lá no começo do box. Os karts haviam sido sorteados e eu estava me acomodando no meu quando o Werner me chama no kart ao lado.
- Zé, olha aqui!
Parecia mal de Parkinson mas eu sabia que não era. Justiça seja feita. Um cara que é dono de uma choperia tem o direito, assegurado pela propriedade do seu negócio, de tomar uns goles de vez em quando. Pense que uma pessoa dessas atura semanalmente um monte de incorrigíveis pés-de-cana falando mole, falando besteiras e mentiras, e eventualmente até babando ou dormindo no balcão. Uma coisa que é o dia-a-dia de qualquer comércio desse gênero. Chega um dia em que o próprio vai pensar ´- Hoje é a minha vez´.
Mas, caramba, não precisa escolher para isso justamente a noite anterior a uma prova de karts embaixo de sol às duas da tarde. Assim foi que o áz da chopeira foi dormir às tantas da madruga, digamos, um pouco mais feliz que o habitual. Por isso mesmo que na hora da saída para a classificação a mão apontava para o horizonte num movimento de sobe e desce meio frenético, muito típico de quem se divertiu na noite anterior com a ajuda do copo. Lembro que disse a êle para ver se o pé estava assim também, o que garantiria umas bombadas no acelerador. Acho que roguei uma praga positiva.
Na largada, que era lançada, eu estava atrás do Paulo Costa. Na hora em que o ponteiro entrou na reta, diminuiu lá na frente e isso fez com que cada um no pelotão de trás tivesse que frear mais forte. E eu acabei freando literalmente na traseira do kart do Paulo porque correu o quebra-galho do freio do meu kart e fiquei sem freio nenhum quando pisei. Como isso se deu bem perto da entrada do box, já fui na hora para uma troca. Mais uma volta do grid e eu saí do box em último. Posição na qual terminei porque na troca peguei um kart que possivelmente estava numa ressaca bem pior que a do Werner. Paulão Costa terminou em décimo. Ganhou o meu amigo Ricardo Talarico. Era um grid de 16. Mas e o Werner???
Sexto lugar.
Foi agraciado com um foguete no sorteio. No final da prova ele estava tão acabado que a bôca estava totalmente sêca e pensou em desistir. Mas como todo descendente de alemão que se preze, cumpriu o seu dever até o final, mesmo que isso já estivesse representando o consumo das suas últimas forças físicas e mentais, e porque não, hepáticas também. Isso se deu em 17/06/2007. Na foto, extraída do site da Amika, é o primeiro à direita, aparentemente suportado em pé pelo Ricardo Arena, que quase desaparece entre ele o José Leão. Tchim tchim.

Berra Satanás

Carros de corrida quebram. Isso simplesmente faz parte do script. Ontem um Maseratti bateu no final da reta dos boxes na barreira de pneus em função do que eu interpretei como uma quebra da suspenção dianteira. Na classificação da Históricos V8, saiu do box esse carro da foto. Um carro da Nascar do qual não tenho nenhum dado porque não quiz solicitar à equipe. Mas ver e ouvir dá uma idéia muito boa do que é. Motor oito cilindros americano com um bom preparo. A lenta mostra que tem um comandão esperando voce pedir para subir de giro. Não vi o capô aberto e portanto penso que deve ser alimentado com aqueles quadrijets enormes. Na hora da classificação ele ficou na saída do seu box aguardando autorização ligado na lenta e a curiosidade fez muita gente rodear o possante para fazer fotos. Eu estava lá vendo, ouvindo e cheirando o que parecia ser metanol. Quando autorizaram a saída eu estava lá no começo do box e aí ele veio mostrando o que eu não perguntei a ninguém. O motorzão sobe bem rápido e pelo jeito que acelerou deve ser um desses de mais de 5 litros que talvez tenha uns 500HP ou mais. Ouvi gente falando em 800 mas isso me pareceu um belo exagero, embora seja provável. Saiu arrastando rodas e deu uma balançada na traseira, típica de carros com diferencial blocante. Dos canos de escape sai o aviso de ´estou chegando´, bradado num volume que ninguém pode dizer que não escutou. Infelizmente, mesmo com esse pedigree, a fera estava de mau humor ontem. Nas três vezes que tentou a classificação, retornou ao box sem completar uma volta. Desistiu da classificação e tentou a corrida largando do box mesmo. Também nesse caso parou no meio do caminho e lá ficou. A foto é do momento em que aguardava a autorização para largada do box. Pena que quebrou. Quem sabe na próxima o vejo voando baixo.

Matei a vontade

Matei a vontade de ver novamente um V-oitão roncando na pista de Interlagos. Numa conversa com Elísio, o preparador que restaurou o Cosworth DFV do Copersucar FD01, disse a ele que embora aquilo seja uma coisa ultrapassada é o ronco de motor que eu mais gosto de ouvir. Ele que é profundo conhecedor do tema, sorriu em sinal de concordância. Esse som peculiar do 302 me faz lembrar do Maverick Hollywood. Naquele tempo voce ouvia nítidamente o barulho dos oitões gritando pelo retão de 900 mts. Também isso mudou em Interlagos. Hoje há construções que fazem com que o som fique muito distante, dependendo de onde voce se encontra. Na foto, os dois Mavecos da equipe MGF Racing, conduzida por Luiz Pereira Bueno. Fazia anos que não ouvia essa ´música´.

No papo com Luizinho, lembrei....


Ontem foi dia de Campeonato Paulista de Automobilismo em Interlagos. Depois da participação da equipe MFG, capitaneada por Luiz Pereira Bueno, conversei um pouco no box da equipe com êle. No meio da conversa falei sobre as arquibancadas. Ontem teve público. Tinha bem umas 12 pessoas no total. Caramba, alguem estava lá vendo corridas, não é mesmo? No bate-papo Luiz mencionou o calendário da Mahle onde no mês de Janeiro deste ano aparece uma foto do grid da primeira etapa do Torneio Nacional Ford Corcel em 29 de novembro de 1970, prova vencida por Luizinho. Quando vi a foto me chamou a atenção a arquibancada. No grid tinham 25 carros. Na arquibancada não havia lugar para ninguém. Émerson só seria campeão de F1 dois anos depois e Pace teria aqui nesse mesmo autodromo a sua única vitória na F1 em 1975. Depois de Pace se passaram 8 anos até que Piquet conquistasse sua primeira vitória no GP Brasil de F1, mas isso se deu em Jacarépaguá e não aqui. Sómente em 91 Ayrton Senna venceria novamente em Interlagos. Um hiato de 16 anos.
O que segue são as minhas opiniões e não as do Luiz.

Em 70, um ano depois do homem ter desembarcado na Lua, o Brasil era tri-campeão de futebol e trouxe a taça Jules Rimet definitivamente para o Brasil, a qual foi mais tarde roubada e possivelmente derretida. Deixamos de ser um país de segunda categoria e nos tornamos campeões, os melhores do mundo. Os môços do nosso automobilismo foram brigar lá do outro lado do oceano num esporte do qual tínhamos muito menos notícias do que hoje e também não interessava a tanta gente assim porque tínhamos aqui as nossas próprias provas de automobilismo, bastando ir ao autódromo para assisti-las. Quando Émerson ganhou o campeonato em 72 a leitura que o brasileiro tinha de si próprio passou a mudar. Tínhamos mais um esportista que era bom demais numa coisa dominada por estrangeiros, tal e qual havia sido o futebol. Eu era adolescente e se falava de Émerson e Môco constantemente. No futebol já éramos os maiores, coisa que nas nossas cabeças não seria mais tirada de nós. Em 75 Môco mostrou que tínhamos mais pilotos muito bons com uma vitória aqui, além das duas anteriores de Émerson. Essa vitória de Môco foi muito festejada por todos na arquibancada e nos boxes. Havia muita esperança na performance dele e o público o via com grande simpatia. Ele seria um sucessor no futuro. Infelizmente o rapaz que já esperávamos na época que fôsse nosso segundo campeão de F1, faleceu num acidente de avião com o amigo Marivaldo Fernandes.
Hoje em dia todos falam da morte de Senna como uma coisa chocante, muito triste, um acontecimento jamais esperado pelo público brasileiro, o que é a realidade. Mas nós dessa época lembramos que a morte de Môco deixou muita gente triste por aqui. Nós queríamos mais vitórias dele e queríamos que ele fôsse campeão também. Para os adolescentes da minha época, Môco estava se tornando ídolo e por isso passamos a desejar mais a F1. Passamos a viver a expectativa de novas vitórias brasileiras aqui no nosso quintal mesmo. Vitórias que não vinham. Ao mesmo tempo em que o futebol não ganhava mais nada além das habituais críticas aos técnicos e eventualmente as vaias. Nós não gostávamos de ver estrangeiros ganhando corridas de F1 aqui e também não admitíamos que o país tri-campeão do mundo, o maior de todos, o melhor futebol do planeta, apanhasse de outros que aos nossos olhos jogavam pior, embora tivessem eles mesmos os melhores resultados. Nós queríamos o máximo de novo, o mais alto, mais poderoso. Isto não poderia faltar.
Na minha opinião a vitória de José Carlos Pace mudou a leitura que o brasileiro fazia do automobilismo. Aumentou a expectativa. Era muito gratificante ver brasileiros aqui na nossa frente e na frente de estrangeiros, conquistando vitórias bem embaixo dos nossos narizes, porque isso era o máximo. As outras coisas do automobilismo não tinham tanta importância assim pois a categoria mais importante era outra onde tínhamos os nossos próprios campeões. Então eu penso que o interesse do brasileiro pelo automobilismo nacional começou a esfriar justamente a partir da vitória de Môco porque nos despertou a noção de que seríamos capazes de ver outros fazendo a mesma coisa e nós gostávamos muito disso. Para quem ia em Interlagos ver corridas, 16 anos são um tempo longo demais sem as vitórias que nós mais queríamos. Para piorar um pouco as coisas, foi na década de 70 mesmo que as corridas foram proibidas no nosso território, embora por breve período. Queira ou não a F1 no Brasil mudou a percepção que o brasileiro tem do automobilismo e a vitória de Môco em 75 foi um evento marcante nesse aspecto. Claro que cito isso como um dos fatores para justificar o desinteresse por corridas nacionais hoje, mas jamais a causa em si que é composta de muitos outros elementos além destes que citei.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Humanidade em perigo

A Nasa está gastando os tubos em um projeto monstruoso de interceptação de asteróides com o objetivo de levar até um desses que possa colidir com as nossas cabeças, um foguete impulsionado a plasma e fazer com que o asteróide seja desviado da sua rota, salvando assim todo o planeta terra, a humanidade, as igrejas e contrariando o Nostra Damus por tabela.
Fiquei com mêdo de que não dê muito certo. Um satelite artificial americano colidiu com um outro russo e os cacos deles podem atingir a estação espacial internacional. É claro que alguém bateu em alguem, mas na hora de declarar o culpado não haverá nenhum. Vão distribuir uma nota dizendo que o parâmetro da inércia do cubo do quadrado inercial estava errado e isso causou um desajuste na grampolha da grampolina e assim eles bateram. Isso não estava previsto nos manuais de sobrevivência de turistas americanos e a Nasa vai tomar as devidas providências para que isso não ocorra no futuro, criando uma comissão de investigação chefiada pelo Bill Smith que vai produzir um relatório de 4798 páginas que vai concluir que tudo foi um acidente.
E querem interceptar asteróides!!!! Espero que com o que eles mostraram que sabem do assunto esse foguete deles não acabe desviando da órbita a Lua, do Sol ou até do nosso surrado planetinha
.
Por enquanto o máximo que pode acontecer é uma garôa de parafusos e arruelas e pedaçinhos de coisas que muito provavelmente eles queriam que fôsse sucateada. Uma colisão seria muito apropriada nessas horas.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Chico Rosa

Chico Rosa, que é hoje o administrador de Interlagos, deu uma entrevista ao Grandepremio onde fala de muitas coisas da sua vida ligada ao automobilismo. Uma coisa me chamou a atenção. A opinião sobre Ayrton Senna. O que se fala hoje do Ayrton, quando dito por alguem que não viveu a época anterior à ele, tem na maioria das ocasiões um tom de ufanismo. Já li coisas muito exageradas sobre Ayrton Senna. Não se pode deixar de citar que ele foi um piloto fantástico, mas ao mesmo tempo não se pode esquecer que ele foi um ser humano como todos nós. Em muitos comentários sobre Ayrton parece que o ser humano não existe e no seu lugar há apenas um mito. O excesso de projeção na mídia com certeza é um fator que contribuiu para que a leitura passasse a ser exagerada, especialmente depois que ele faleceu.
Chico Rosa, que acompanhou Émerson na mudança para a Inglaterra, é uma pessa que tem resgistros próprios para dar a sua opinião. E considere-se que ele tem contato com muita gente da F1 desde aquela época.

Leia a entrevista aqui e tire as suas conclusões. Vale a pena.

Agumas frases:

Ele era um cara muito complicado. - sobre a relação dele com Ayrton


Ele foi um mau acertador de carros, nunca soube acertar, e não foi um bom estrategista. Agora, ele era muito rápido. Dava gosto de vê-lo guiar em uma classificação.

Nada tão completo. Ele foi mais completo do que os outros. - sobre Schumacher

Tinha defeitos? Tinha, às vezes, batia nos outros, algumas coisas assim. Mas ter um cara completo como ele é difícil. - sobre Schumacher

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dilúvio


Dizem que Deus é brasileiro. Eu não endosso mas achei que São Pedro é santamarense.
Fui no Ilha Bela aqui no finalzinho da João Dias tomar um chopp. São Pedro estava meio bravo, cara de poucos amigos.
Sentei e no primeiro gole já começou uma chuva lá fora. Em quinze minutos a João Dias virou um rio.
Descobri então a real utilidade de um telefone celular. Fazer fotografias. Não são boas, mas são fotos. Seguem algumas. Pensei em chamar o Noé para uma birita na próxima. Ele entende bem do assunto. É do ramo.





O que eu perdi.

Se voce gosta de velocidade e adrenalina esqueça esse negócio de karts, formula 1, corridas, isso é tudo bobagem. Nada se compara ao que eu vi. Ou melhor, o que eu vi ´depois´.
Quando eu estava na idade militar tive a malfadada idéia de tentar academia de força aérea. A EPCAR. No exame de vista um oftalmo japonês (nunca esqueci que era japonês) sentenciou: - Voce nunca vai sentar num caça. No máximo comercial.
A minha reação foi óbvia. Vou fazer o que na comercial??? Resposta também óbvia: VOAR.
Quando estava perto dos 40 fui num evento no Campo de Marte. O Domingo Aéreo. Não chega nem aos pés de Le Bourget, mas tem o que mais interessa. Aviões. Tem acrobacias, esquadrilha, T6, revista e tudo que tem direito. Num determinado momento eu estava conversando com os pilotos da esquadrilha e um deles olha para o relógio e diz:
- Daqui a cinco minutos o F5 chega. Levantou agora de Pirassununga.
Fiquei sentado numa cadeira conversando com ele. Na época eu estava fazendo um bico na editora da Revista Sipaer. O papo óbviamente eram aviões. Eu sabia onde era Pirassununga e a prôa na qual o caça chegaria em Marte. Bem, se o cara falou em 5 mintuos então vem mesmo no pau.
Era hora do almoço e de repente um estrondo dos diabos e muita gente gritando assustada. Parecia uma bomba. Eu assutei sentado na cadeira, dei uma piscada de olho instintiva e um giro no pescoço à direita. Quanto tempo leva isso?? O tempo necessário para o cara cobrir a distancia que há entre Marte e algum lugar depois da Penha. Palavra, nunca vi uma coisa andar tão rápido. O piloto passou na barreira, rasante. Sabe o que é isso? Quando eu visualizei o caça, ele estava pequenino lá no meio dos infernos nos limites da cidade. Depois ele voltou de lá e fez uma coisa sensacional. Veio lento, baixo, trens e flaps extendidos, bico apontando pro céu e simula um toque e arremetida relativamente próximo do chão para os padrões de uma situação dessas. Em seguida dá um gás nas máquinas, começa a recolher tudo e desparece no céu. Fantástico.
Na sequência veio um 737-200 que não lembro mais se era Vasp ou Transbrasil. Veio simulando toque e arremetida, bem baixo. Fez a volta lá na frente, voltou e fez igual. Voltou de novo e aí eu entendi o que tinha perdido. Veio limpo a 360 nós, rasante. Como é turbofan faz muito menos barulho que as turbinas de caças e voce consegue ouvir o som do deslocamento do ar. O comandante saudou à todos quando passou em cima da pista. A torre solo colocou a fonia no sistema de som para o público. Eu estava ao lado da mureta da pista vendo o maquinão passar rápido e a alguns metros acima da minha cabeça.
Aí falei para o Paulino que estava ao meu lado: - O que eu estou fazendo aqui em baixo?

Conheci certa vez um sujeito que foi em Le Bourget. Lá um piloto fez o mesmo com um Mirage. Veio baixo, na barreira e bem em cima do aeroporto ligou o afterburner, cabrou e foi pro céu igual foguete. Disse ele que à sua volta não ficou um copo cheio. Caiu tudo.

foto: arquivo da FAB

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

É a última

Sempre apreciei uma bike mas em ritmo de passeio. Tive por exemplo uma CB400 82 que tinha um aro problemático que foi redesenhado na 83. Uma moto muito street com um desempenho de passeio mesmo. Acho que não passava de 160 km/h. Sempre andei com essa moto para sentir o vento na cara e apreciar um pouco do mundo à minha volta. Nada de exageros. Se carro eu não piloto nada, imagine uma moto.
Tem talvez uns dez anos que o Leandro Panades, piloto de competição, comprou uma Ninja 7galo batida. No tombo foram para o espaço os espelhos, uma parte da carenagem, mais umas raladas em pedais e manetes. Mas o restante estava ótimo. Faltava além do conserto, um ajuste de carburação.
Nisso eu passo na porta da casa do Júnior e tem uma molecada lá na esquina fazendo, digamos, um warm-up em equipe com o cavalo. O Leandro resolveu divertir todo mundo e levou a moto lá antes de ser internada na oficina para os devidos curativos. Depois de ver todo mundo rasgando a máquina pra lá e pra cá, pedi para dar um voltinha pois fazia um tempão que não andava de moto.
Tem um quarteirão longo aqui perto de casa que acaba numa praça. Saí alí devagar para sentir o manejo da Kawa. Nunca tinha guiado uma dessas e é mais fácil do que parece. O conjunto inteiro foi pensado para acelerar e ela responde a tudo com rapidez e precisão. Inclusive o acelerador.
Ao final desse quarteirão entrei à direita e subi mais 3 quarteirões. Quem anda muito de moto normalmente muda as marchas sem embreagem, principalmente se for motor 2 tempos. As 4 tempos de hoje são muito fáceis de mudar marchas ´no tempo´ porque esses motores são de alta rotação e sobem e baixam bem rápido. Fora isso o câmbio da Kawa é um relógio japonês que compete com os suíços. Solta um pouquinho a corda ao mesmo tempo que dá uma pressão no pedal e a marcha seguinte vem facinho. Aperta o gás instantâneamente e a cavalaria faz o trabalho.
Na volta vim para o mesmo quarteirão longo e tinha um Fiat na minha frente. Entrei à esquerda devagar em primeira e livrei o Fiat na curva.
- Vamos ver como anda.
Enrolei a corda até o fim. Os 4 pistões e os dois comandos mostram na hora porque pedem para acelerar. A manete bateu no encôsto e ao mesmo tempo o giro também. A segunda entrou no susto. A frente aponta um pouco para cima e aí é a vez do câmbio mostrar a que veio. A relação é perfeita para essas aceleradas. A Kawa entendeu aquilo como ordem explícita para disparar. De novo o giro no máximo e terceira. Mas o prazer do passeio já estava no fim. O quarteirão estava acabando cada vez mais rápido. Uma olhada rápida no velocímetro sem descuidar da frente e vejo que marca 90. Milhas! Hora de segurar o pedido sem explicações do motor para acelerar. Mais freio na frente do que atrás e mais uma suspresa. Pneu largo atrás, discos grandes e um equilíbrio de tirar o chapéu, fazem o foguete diminuir rápido a velocidade ao mesmo tempo que afunda. E de repente estou parado na esquina. Encostei ali na calçada sem capacete, luvas ou qualquer outro ítem a mais, pra lá de satisfeito e com o entusiasmo contido. É a última vez. Não quero mais.

aaaaahhhhh.........

A bela da foto desse post é a Estela Gallucci, que eu costumo chamar de principessa depois que assisti um filme com o pai dela antes de irmos a um endurance noturno da granja. Filha do Giba Gallucci e da patrôa (forma como eu chamo a Cynthia), pilota no grupo do batom, a categoria feminina da Copa Amika. Fora ser bonita, o que a própria foto atesta, é formada, muito educada, simpática, inteligente e o namorado, o Flavião, faz par com ela na simpatia.
Há uma coisa em corridas que é incômoda em qualquer categoria. Se voce está na liderença não tem referência. Voce é a referência. Isso quer dizer que além de ditar o ritmo, dita o caminho. E portanto uma simples escorregada pode pôr tudo a perder se o adversário imediatamente atrás está muito perto. Na verdade é o que todos esperamos quando estamos nessa situação na posição de trás.
No kartismo então, isso pode ser uma piscada de olho. Assim foi que numa corrida que a principessa liderou inteira, na última volta naquele mergulho à direita atrás da tôrre de cronometragem, escapou menos de hum metro. Atrás acho que vinha a Vitória Pryor que anda muito. Com todo respeito à vencedora que fatuou a prova por mérito próprio, pilotos que ganham corridas têm equipamento vencedor. E no caso de provas de indoor, mesmo sendo uma modalidade de baixa performance, as diferenças podem ser significativas entre os karts. E naquele caso o kart dela tinha nítidamente mais saída de curva. E não vai fazer uso disso??? Passou e se ouviu um ´aaaaahhhhh´ de decepção na mureta do box, ao qual eu fiz côro. Seria a primeira vitória da principessa no campeonato e por uma simples e única escorregada perdeu a posição sem chance de recuperar. Bandeira quadriculada e box. Foi a única vez que eu vi nesse campeonato as atenções estarem centradas no segundo lugar, inclusive pela vitoriosa. A principessa já veio da pista chorando dentro do helmet. Pelo tempo que demorou para sair do kart deve ter molhado a balaclava e a gola do macacão. E como é de praxe nas mulheres deve ter borrado a maquiagem também. Todo mundo rodeou o kart da principessa para o devido ato de solidariedade. Ainda no pódium, meia hora mais tarde, as lágrimas se misturaram com o sorriso que a situação também provocou.
Mas o que me chamou mais a atenção não foi o choro dela e sim o fato de ter repetido várias vezes que tinha errado. Ora, é claro que errou sim naquela hora. Mas a pergunta é: dava para segurar?
Ninguem faz milagre. O Flávio estava lá acompanhando e eu perguntei se ele queria dar uma acelerada à noite. Topou e marcamos horário. Veio o Flavião, a principessa e o pai. Saí com o kart 2, o mesmo que ganhou a prova. Ela ficou vendo de lá do box. Acho que fiquei em segundo na brincadeira com o pai dela atrás. Mas o kart era tão ´pregado´ no chão e tinha um torque tal que possivelmente eu teria obtido o mesmo resultado guiando com uma mão só. Nem ao menos suei na balaclava. Nas subidas era pisar e ele mostrava que respirava bem mais fundo que eu.
Acabou a brincadeira e no box eu disse à principessa:
- Voce não ia segurar. Isso é um foguete.
É mesmo bem incômodo perder uma corrida ganha numa única curva mas milagre ninguem faz. À vitoriosa o mérito de ter feito uma corrida impecável, sem nenhum erro, sabendo usar bem o que tinha na mão e sendo paciente para esperar a sua chance. À principessa o consolo de saber que até a minha mãe viraria tempo com aquele kart. A primeira vitória acabou vindo mais tarde.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Clemenceau, voce já andou de kart?

É como o Giba costuma me chamar.
- Não Giba. Tive muita vontade, até quiz fazer escolinha mas não fui. Passou.
- Vamos andar de kart?
Diante da pergunta pensei: "Andar de kart? A essa altura do campeonato? Esse cara pirou".
Dias em que a vida está chata e lenta, muito lenta, quando eu pensava constantemente em como por ordem na casa. Mas não em pista. Vou fazer o que numa pista? Declinei da proposta com uma dessas desculpas bem esfarrapadas.
Passa mais uma semana e a pergunta vem igual.
- Uma hora a gente vai.
Passa mais outra e a mesma pergunta. Certo, então vamos andar de kart. Vamos lá.
E um belo dia lá fui eu. O que era grip de pneu de competição, escapadas de traseira, tomada, tangencia e etc., eu já sabia bem pois passei alguns anos vendo e ouvindo sobre isso no autódromo. Mas uma coisa é voce saber como é. Outra é fazer na prática. Então um dia fomos ao kartódromo e antes da saída do box vieram as devidas recomendações. Entre elas uma muito clássica do meio. Me siga, venha atrás de mim.
Então num determinado momento ligaram os motores e fomos nós para a classificação. Ao chegar na curva dois o Giba olha para trás e faz um sinal com a mão para segui-lo e acelera. Eu fiz o mesmo e virei o volante à direita e pisei. O kart, sem a menor consideração com os meus 50 anos, me respondeu de muito mal humor com uma atravessada, à qual eu respondi com uma tirada de pé imediata e um giro no volante para o lado oposto. O Giba desaparecia na minha frente em velocidade crescente e pensei: "au revoir monsieur, nos vemos na lanchonete".
Eu sabia que slicks só tinham grip se aquecidos. Mas afinal de contas quando é que realmente estão aquecidos? Se voce acelera em curva ele vira para um lado. Se voce tira o pé na curva, sai de frente. Se voce freia, roda. O que essa máquina dos infernos quer de mim?
Fiz a classificação com o tempo de aproximadamente um feriado de sexta-feira atrás do líder. Então deram a largada. Dei tchauzinho para todo mundo e comecei a minha primeira corrida de kart na vida. O mundo passava muito rápido, nem sempre vinha da mesma direção e não parava de tremer. Às vezes eu estava indo numa direção e de repente via na minha frente a parte da pista na qual tinha acabado de passar. Eu freava pensando que o kart fosse parar, o que não é necessáriamente verdade. E meio inconformado com a falta de profissionalismo do meu freio resolvi mostrar a ele quem dá as ordens pisando de forma convincente. Ele me respondeu com a visão do lado oposto da pista antes que eu pronunciasse o ´i´ do ´xiii´.
Definitivamente a nossa relação começara muito mal e estava se tornando antipatia mútua. Resolvi ser político e me conformei com a falta de sociabilidade dele. Achei que não deveria lhe exigir mais nada, mesmo considerando que eu o tinha alugado por 30 minutos. Aí eu aprendi na prática que essa estória de o cliente ter razão é a maior conversa fiada. Tudo depende do ponto de vista.
Achei que as coisas ficariam melhores quando inesperadamente os meus amigos apareceram ao meu lado mais de uma vez. Mas algo estava errado porque nem ao menos olhavam para a minha cara. Pensei que a nossa amizade não era mais a mesma e senti uma sensação de desprezo. Porque será que eles me deixavam lá andando sozinho sem compania? As pessoas estão ficando cada vez mais egoístas. Afinal apareceu a bandeira quadriculada e me encaminhei ao box onde deixei o meu mal educado equipamento sem ao menos dizer-lhe ´até logo´. Saí andando com cara de Mr. Bean no pit lane e o Giba me pergunta como foram as coisas.
- Ótimo, tudo bem. Andei de kart. Muito bom.
Tinha matado a minha vontade de andar numa pista no dia 15 de outubro de 2005. No resultado aparecí em sexto num grid de nove, 3 voltas inteiras atrás do líder. Com o significativo detalhe de que o oitavo e o nono não estavam na pista. Tinham quebrado.
Passaram-se alguns dias e o Giba pergunta:
- Clemenceau, quando vamos andar de kart?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Acabou

Acabou a melhor prova de karts indoor da Granja Viana. O Endurance Noturno. Pilotos bons no grid inteiro. Óbviamente os ponteiros do campeonato eram um destaque em termos de pilotagem. E no calendário havia uma prova sensacional. O anel externo. Vamos deixar claro que se trata de kartismo indoor e por consequencia a performance é bem inferior a de um chassi de competição. Mas como o pinhão era alterado para um com um dente a mais, os karts andavam mais rápido. Assim a entrada na reta já era em alta e o final da reta era o diferencial. Aqueles chassis não permitiam fazer a hum flat nessas condições. Até dá para fazer isso mas ficava forçado demais e não era possivel desenhar bem curva. Ou seja, adrenalina.
Tive o prazer de fazer uma única prova no oval, como a chamávamos. Apesar do resultado ruim eu gostei da experiência. Segue abaixo trecho de um email que distribuí no meu mailing logo após a prova que foi em Novembro de 2008.

Sendo um circuito de 4 curvas à direita sentido horário em pista inclinada tem 2 retas, uma subida e uma decida. O acerto dos karts (alugados do kartodromo) é alterado para as condições da prova o que faz com que os karts cheguem no final da reta principal bem velozes. Mais do que estamos habituados. Para dificultar um pouco as coisas, nesse ano o kartódromo adotou os pneus azuis da MG que são os compostos mais duros e portanto de menor aderência. Não é coisa para neófito.
Bem, fui escalado para classificar. Nunca tinha andando naquelas condições e não tinha ideia do que esperar, muito especialmente por causa da curva hum. É incrivel como a sensação de expectativa toma conta. Voce acaba sendo movido fortemente pela necessidade de saber onde e como chegar.
No meio da classificação pude sentir se a barreira de pneus na saída da hum era suficientemente macia. Um cara me atrapalhou na saída da curva na minha frente e eu abri um pouco para desviar dele que estava ficando de lado. Em 1 segundo estava batido nos pneus e para a minha sorte o kart deu um giro de 180 graus e nem parou. Já continuei acelerando de volta. Aí percebi que não havia tempo para pensar em nada. Eram 24 karts e eu classifiquei em 19. Afinal era a minha primeira vez e não podia reclamar, ainda mais considerando que havia 3 horas e meia de competição pela frente. Finalmente eu estava andando no oval.
A largada é a coisa mais alucinante que eu já vi. Os ponteiros disparam e do meio do grid para trás é normal que embole um pouco. Voce vê apenas karts na sua frente a pouco centimetros de distancia. Assim eu vi por exemplo entrarem em 3 lado a lado na curva 4 na primeira volta à toda velocidade. O Paulo Stella devolveu merecidamente umas pancadas sujas que levava de um cara por fora e nessa hora eu pensei "como será na hum assim?". A reta já estava acabando e só deu para entrar na curva do jeito que vinha a meio metro da traseira do Paulo. Mais duas voltas e senti que a corrida tinha de fato começado.
Faço o que gosto pelo prazer de fazer e não preciso me comportar fora de regras, especialmente quando são regras aplicadas a qualquer prova de velocidade. Nas bandeiras amarelas é proibido ultrapassar. Até na F1 é assim e naquele dia ainda não havia mudado. Na oitava volta a adrenalina subiu mais ainda. Fiz a quatro e lá de trás vi a bandeira amarela na hum. Uma volta se dá em mais ou menos 28 a 30s. Significa que em 5s eu estaria aproximando na hum. Fiz o clássico. Fui a pleno na reta e matei a velocidade na entrada da hum. Quando fiz a curva vi que tinham batido e rodado. Havia um bom espaço do lado direito e então freei mais ainda e puxei a cadeira elétrica bem para a direita. Assim evitaria uma colisão e tambem daria espaço para passagem de quem viesse atrás. Isso em uns 4s no máximo.
Em 3 horas e meia de prova a sua posição depende de muitos fatores e não vai ganhar a prova numa única volta e menos ainda numa única curva. Alguem que vinha atrás de mim ignorou totalmente a bandeira amarela, fez a hum à toda, me ultrpassou e colidiu na lateral do kart que estava atravessado e parado na pista a uns 5 metros à minha frente. Nunca vi uma batida dessas. O kart que sofreu a colisão decolou talvez mais de meio metro do chão, deu um giro no ar e caiu. Assisti bem de perto. É engraçado que voce pode lembrar da cena em câmera lenta depois. O estrondo da panca e as pernas e braços do piloto se movendo descontroladamente.
A prova foi interronpida por uns 30 minutos e a ambulancia foi ao local socorrer o piloto que quebrou uma das pernas. A espera me estressou e o meu kart escapava muito de frente. Por isso pedi para fazer já a primeira troca de pilotos. Poderiamos dar a sorte de pegar um kart melhor pois na parada troca-se de piloto e de kart também. Nova largada e mais 5 voltas encerrei a minha primeira participação.
Infelizmente o kart que pegamos na segunda etapa era fraco e não evoluímos. Mais tarde veio a minha segunda etapa. Aí começaram os nossos problemas. Peguei de novo um kart ruim, talvez o pior. Este era bom de curvas mas bem fraco de motor. Fazia o que podia para manter a rotação alta nas curvas mas não teve acordo. Devo ter tomado duas voltas em poucos minutos. Antes de ter feito 10 voltas já queria fazer outra troca. Olhei para o box e não vi a minha equipe. Logo depois apareceram. Mas de costas, não estavam vendo a prova. Eu gesticulei feito doido na reta, volta após volta, e ninguem me via. Os outros me passavam nas duas retas e na subida e eu não podia fazer nada. O tempo passou e sei que fomos parar lá trás. Finalmente me viram e eu fiz o sinal de troca para o Paulo. Em cada troca se perdem 2 voltas. Tomei ao menos uma volta do lider. Assim nessa etapa acabei tomando tranquilamente 5 voltas no total. Já era tarde. Demoramos demais enão havia mais nada a ser feito.
Assim como me escalaram para classificar, tambem fui escalado para finalizar. Mais tarde finalmente peguei um kart melhor. Bom de motor e com uma tendencia bem leve de sair de traseira o que facilitou bem na hum e na quatro. Só precisava esperar a quadriculada e não precisava mais me preocupar com trocas. Ainda bem porque a minha equipe se resumiu ao Paulo. Os outros foram embora. Fiz algumas voltas bem melhores que as anteriores e finalmente a quadriculada. Na saída o Miguel Castro me pergunta ´Gostou de ficar dando voltinha?´, fazendo um gesto de círculo com o dedo. ADOREI.

Dia de luz, Festa de sol.......


Considero a arte o maior dos conhecimentos da humanidade. A arte está presente em todas as etapas do desenvolvimento da civilização. A capacidade do ser humano se expressar é muito rica quanto realizada atravéz da arte. A presença de uma artista no ultimo sábado no Kartódromo Granja Viana nos garantiu algumas fotos a mais, entre elas esse maravilhoso pôr do sol que orna de forma bela com o clima de satisfação que todos viveram naquele final de tarde.

A cena foi registrada por Anapana, artista plástica e divulgadora, presença frequente nos círculos da arte.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

VALEU!!!!!

- Muito obrigado Maneco, valeu.
- Valeu.
Assim finalizamos o telefonema de ontem depois de um joguinho de tênis de agradecimentos mútuos. Maneco me ligou ontem à tarde para agradecer. Não tem de quê Maneco, voce é o dono da festa.
Mas se a questão é agradecimentos há outros que precisam ser registrados e aqui é um bom local para isso.
Na foto Maneco está ao lado do nosso amigo Giba. Este é um dos felizardos que eu conheço que teve oportunidade de guiar F Vê em escolinha. É o mentor da categoria sênior da Copa Amika de Kart Amador. A categoria tem tres anos consecutivos e é sempre muito bem citada especialmente na contuda dos participantes. É dele a idéia de homenagear Maneco. Fiz o que pude para concretizar mas o crédito da idéia deve que ser dado a ele, assim como os troféus que ele mandou confeccionar. E também é ele que teve a maluca idéia de me por na pista. Essa parte conto outro dia. Portanto, muito obrigado Giba.
Cláudio Reis do PlanetKart, site de divulgação do kartismo, é quem registrou o acontecimento e quem me cedeu tres das fotos que publiquei até agora.
Werner Heying, meu amigo há 29 anos, de quem logo mais vou dar notícias, é quem me ajudou a fazer os cartazes que foram afixados no kartódromo.
Anísio Campos, que ha pouco tempo descobri que é amigo de outro amigo meu com quem trabalhei no inicio dos anos 80, além de ter me colocado em contato direto com Maneco é quem deu um toque à parte presenteando Maneco com uma ilustração genial.
Agradecimento geral a todos os nossos amigos que prestigiaram.

Sentimos a ausencia compreensível de Luiz Pereira Bueno que tinha compromissos de família que não podia adiar. Liguei para o Luizinho sábado pela manhã e ele me pediu para retransmitir o abraço ao amigo Maneco e a todos nós, o que foi feito por mim.
Também o nosso chapa Ricardo Talarico que está de férias com a família num navio, não teria como fazer a mágica de remarcar a passagem. E o doutor totó Beto Caccuri me deve uma explicação. Eu gostaria que ele que já estudou anatomia na faculdade me explicasse como uma pessoa pode ter a sua coluna fora do lugar. Até onde eu sei, se fizer isso desmonta tudo. Caccuri, por favor, manifeste-se ou cale-se para sempre.
Outras pessoas que estiveram presentes e que eu não relacionei agora, serão citadas individualmente mais adiante.

Eles estão de volta

foto: Claudio Reis/PlanetKart

Voce assitiu corridas de F1 na década de 70?
Se não assistiu voce perdeu.
Esteve no último sábado no Kartódromo Granja Viana na homenagem a Maneco Combacau?
Se não esteve perdeu mais uma.
Nos boxes das atuais corridas de F1 tudo está enfadonhamente organizado, com muitas cores, capacetes às vezes esquisitos, pirulitos eletronicos que funcionam pior que os manuais, mecânicos às vezes dormindo de tédio e as mulheres ocupando lugares arranjados com pouquíssimo ou às vezes nenhum destaque no cenário.
As corridas de F1 levaram aos boxes mulheres que chamaram a atenção do público não apenas pela sua beleza, mas tambem pelos chapéus que usavam. Esses objetos da indumentária feminina simplesmente sumiram da F1. Não tenho idéia de quantos anos faz que as mulheres dos pilotos apareciam assim trajadas. Lembro de Maria Helena Fittipaldi e Nina Rindt, esta última com um chapéu estilo cowboy com a marca Marlboro bem visível.
Uma coisa que eu jamais poderia esperar na minha vida, é que num encontro de amigos que me deram a incumbência de organizar, os chapéus reaparecessem nas pístas novamente. O sorriso, a simpatia, os óculos e também o chapéu da foto, são todos da esposa de Maneco, a China como é chamada em família. Enquanto via o seu marido campeão ser homenageado pelos amigos e também resgatar a memória do kartismo brasileiro, ela resgatou natural e espontaneamente o charme dos chapéus nas pistas. Um pequeno e muito significativo detalhe que passou despercebido para alguns mas não às lentes do nosso amigo Claudio Reis. Os chapéus estão de volta.

A pipa chegou em terceiro

foto: Claudio Reis/PlanetKart
MANECO COMBACAU.
Este é o homem da foto do post anterior, a qual foi tirada logo após uma prova de karts em Ribeirão Prêto na década de 60. Aqui está esta personalidade do kartismo nacional com o mesmo sorriso de 40 anos atrás, fazendo muita gente sorrir ao seu lado, como o seu amigo Chiquinho Lameirão no canto esquerdo da foto.
Ele não foi. Ele É!!! O kartista mais querido que o Brasil já conheceu.
No ultimo sábado, 31 de Janeiro de 2009, Maneco foi homenageado no Kartódromo Granja Viana por amigos e um pequeno grupo de kartistas amadores que pela faixa etária sabiam quem ele é, mas jamais o viram. Uma prova simbólica trouxe a essas pessoas a honra de receber bandeira quadriculada de Maneco Combacau com Chiquinho Lameirão ao seu lado. Giberto Gallucci, o vencedor, recebeu o cumprimento de todos nós e enquanto as habituais conversas de box rolavam soltas chega Anísio Campos. Com um gesto típico dos grandes amigos, Anísio deu início às homenagens ao Maneco presenteando-lhe com uma ilustração belíssima que caracteriza muito bem a fase pioneira do nosso kartismo, que Anísio também acompanhou.
foto: Claudio Reis/PlanetKart

A satisfação redobrada veio quando Maneco entregou troféus aos participantes. Seis ´rapazes´ na faixa dos 50 anos sentiram-se como adolescentes na presença do ídolo que estava lá para ser homenageado.
Num país onde a memória não é cultivada, há muita gente que não sabe o imenso valor que há em estar ao lado de um expoente do mesmo esporte que pratica. E esse é um lado de Maneco que impressiona. Fora a personalidade incrivelmente carismática, é tambem muito gentil no trato pessoal e mostrou isso ao entregar os troféus aos participantes com o seu característico sorriso e bom humor. Este sim é o esportista que o Brasil precisa. A pessoa que tem consciência do que representa, aliada à simplicidade do ser que aproxima outros de si sem barreiras desnecessárias.
Chega a hora dos agradecimentos e citações. A satisfação que o grupo sentia era contagiante. Nunca na minha vida tive a incumbência de falar em público tendo ao meu lado uma personalidade. Mas não me senti intimidado pela possibilidade de uma derrapada. Aí vem mais uma característica de Maneco. Ouve com atenção tudo que é dito, o que mostra o grau de respeito que ele tambem devota aos que o rodeiam.
Não poderia deixar de retribuir Anísio Campos que recebeu um troféu como lembrança. Na sequência outro para Maneco. À nossa frente máquinas fotográficas registraram momentos que não esqueceremos jamais. As palmas que já haviam ecoado desde o início apareceram outra vez. Foi quando fiz um sinal para outra personalidade.
Mais um momento especial. Jan Balder que assistiu Maneco chegar em terceiro na primeira corrida de karts do Brasil, vencida por Cláudio Daniel Rodrigues e tendo Wilson Fittipaldi Jr., o Tigrão em segundo, fez o seu discurso que abrilhantou o momento citando passagens de Maneco Combacau incluindo uma bem humorada. O dia em que Carol Figueiredo numa prova no antigo retão de Interlagos se feriu com uma linha de pipa que foi na sequencia capturada por Maneco. Amarrou a linha no kart e venceu a corrida empinando pipa. À uma pergunta sobre essa situação incomum, Maneco fez seu conhecido humor provacar risadas ao dizer que chegou em primeiro e a pipa em terceiro.
Chega a hora da prosa. O bate-papo. A conversa de lanchonete de pista que eu presenciei muitas vezes em Interlagos. Acho que foi nessa hora que Maneco recebeu uma chamada no celular. Apenas Walter Travaglini, outra fera com F maíusculo do kartismo, chama Maneco para as devidas reverências ao amigão. Lembrança festejada. Waltinho Travaglini não podia estar mas fez questão de lembrar. Quer coisa mais gratificante que uma lembrança do amigo???
Maneco, voce é o kartista que apontou o caminho do kartismo do Brasil que outros campeões seguiram. Uma conta grosseira na internet me diz que temos mais ou menos 70 kartódromos no país. No início de Dezembro de 2008 eu só consegui 31 de Janeiro para a nossa corrida simbólica porque simplesmente não havia agenda antes disso. Se temos essa demanda incrível no kartismo, isso se deve tambem à voce num histórico inicio no kart onde voce se tornou o Professor, como muito apropriadamente Ayrton te chamava. Parabéns por tudo que voce representa no kartismo brasileiro.